Nome da Instituição: EMEI Décio Trujillo Responsável: Patricia Rodrigues Alves Silva Função ou cargo que ocupa: Professora Equipe participante: Professoras do período da tarde, equipe de gestão e comunidade escolar Categoria: Professor 2 - Investigações Infantis Município e Estado: Barueri / SP Faixa etária atendida: 4 a 5 anos O que levou a realização da prática? (diagnóstico) O projeto surgiu a partir da escuta atenta da professora ao interesse das crianças, que, no discutiam sobre uma aranha que avistaram no jardim da escola. Umas diziam que as aranhas tinham patas e outras diziam que tinham pernas. A curiosidade e as hipóteses que levantavam para convencer os amigos mostravam o potencial de aprendizagem que esse tema poderia trazer. No dia seguinte, em roda de conversa, as crianças falaram espontaneamente sobre as aranhas e listaram várias curiosidades que acabou norteando as pesquisas durante todo o projeto. A busca por teias e capturas de aranhas; a observação com lupa das aranhas vivas capturadas na escola, além dos estudos, conversas e produções infantis tornaram o projeto atraente e rico. Descrição das intervenções que foram realizadas Os questionamentos das crianças sobre as aranhas foram sistematizados e possibilitaram muitas descobertas. Nas pesquisas nos parques e campos da escola, as crianças encontraram várias aranhas e suas teias. Em sala registravam o que encontravam e discutiam sobre as semelhanças e diferenças. As pesquisas feitas com as aranhas encontradas na escola, ajudaram a perceber as características das espécies venenosas, o perigo que oferecem às crianças e muito mais. As aranhas capturadas foram colocadas em potes e observávamos as aranhas todos os dias. As crianças ficavam muito empolgadas com o momento da observação, pois, logo se organizavam para observar as aranhas. Conseguimos capturar ao todo cinco aranhas diferentes, três domésticas e duas de jardim. Durante o tempo que as aranhas ficaram na nossa sala, pegávamos formigas pequenas e colocávamos nos potes, para que as aranhas se alimentassem. As crianças fizeram um registro espontâneo das aranhas. Nesses registros as crianças já era possível observar todo o conhecimento sobre as características das aranhas. Passaram a pesquisar em livros, assistiram vídeos sobre o mundo das aranhas e passaram a confeccionar aranhas com diferentes materiais. As crianças ficaram empolgadas com a diversidade de formatos, tamanhos e espécies diferentes. Algumas crianças repetiam trechos do vídeo com bastante segurança, e foi muito interessante verificar os conhecimentos que estavam adquirindo. Em roda de conversa as crianças faziam colocações muito pertinentes, sobre as características das teias, partes do corpo das aranhas, rapidez na captura dos insetos, etc. As crianças também construíram uma teia gigante em frente à sala e em um dos parques, utilizando elástico branco. Passar pela teia gigante, foi um dos momentos mais divertidos do projeto. As crianças ajudaram na instalação da teia e isso fez com a teia tivesse um significado maior, pois elas se concentravam e pensavam em como fazer a trama se fossem aranhas tecendo teias. E depois imaginavam-se insetos presos à teia. “Professora, eu pensei que a teia saía do bumbum da aranha!” “A aranha enrola os insetos! Eu já vi!” Outras crianças da escola também tinham acesso às teias e brincavam com elas. A professora aproveitou o momento para trazer textos informativos e solicitou aos pais pesquisas e fotos para as produções infantis que, posteriormente, seriam expostas nos corredores da escola. “Professora, nos filmes não falam se as aranhas têm pelinhos!!!" “Esse filme mostra a aranha de pertinho! Ela é muito feia! Tenho medo!” A professora fez um levantamento das crianças que tinham medo de aranha. A partir das informações coletadas iniciou uma ação que lidava com a temática do medo e da importância de sentir medo. Todos os aprendizados foram organizados em cartazes; cada assunto era tratado em registros individuais e/ou coletivos para compor o portfólio da sala. Para finalizar montaram uma exposição com suas produções voltada para crianças de outras salas e para os familiares. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido Nas observações e investigações cotidianas as crianças surpreendiam-se: “Esta aranha construiu uma enorme teia”. “Diferente desta aqui... nem conseguimos ver a teia!” “Claro que dá para ver, eu estou vendo coisas grudadas na teia!” “Essa aranha é muito feia! Olha os olhos dela!!!” “Essa aranha é a de pernas finas” As crianças também levavam suas produções para casa e contavam sobre o que estavam aprendendo. De volta à escola, compartilhavam nas rodas as vivências: “Meu pai achou essa teia (lastex) muito legal!” “Eu contei as patinhas para a minha irmã!” “Professora, eu sei quantas pernas a aranha tem! Tem oito!” Perguntaram o que significava “curiosidade” e uma criança quis inventar uma. Maria Eduarda, disse: - “As aranhas que têm pelos, usam para ter amigas!” Rsss... Cada criança falava sobre o que sabia e logo os amigos comentavam ou complementavam as ideias uns dos outros. Sabiam que não poderiam mexer nas aranhas pois não sabemos se têm veneno ou não e as crianças logo completaram: “Professora não podemos matar as aranhas.” “As aranhas são feias, mas são boazinhas!” “Boazinhas?? Como você sabe?” E, durante toda a nossa roda de conversa, as crianças participaram com comentários muito pertinentes. Conforme desenhavam faziam comentários: “Pro, a aranha tem oito pernas.” “Professora minha aranha é a Golias, a maior aranha do mundo!” “A aranha que estou fazendo é colorida, igual à que nós pegamos no jardim.” “Vou fazer a minha aranha com vários olhos Descrição dos resultados das ações A exposição também foi feita para as outras crianças da escola, para que pudessem conhecer algumas curiosidades sobre esses animais bem como a sua importância para o meio ambiente, e observar amostras reais. Para finalizar realizaram um linda exposição com as pesquisas, achados e trabalhos das crianças, que mostravam tudo o que haviam aprendido. A apresentação espontânea das crianças foi um ponto forte do evento. Elas falava espontaneamente e com muita propriedade sobre os conteúdos, o que encantou a todos. Os pais e familiares também se envolveram com o projeto e isso tornou-o ainda mais significativo.
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Nome da escola: CEI Shangri-lá - Núcleo III - CCJA Responsável pelo projeto / ação: José Leonardo Garcia e Karen Mariana Aguiar Função: Professor de Educação Infantil - Professora de Educação Infantil Município / Estado: São Paulo - SP Faixa etária atendida: 3 a 4 anos Categoria: Professor 1: Passei a ouvir, observar e conhecer mais as crianças A exploração e a pesquisa das crianças alicerçaram suas trajetórias de contato com as narrativas, pois elas já demonstravam habilidades em recontar as narrativas orais. Além da valorização da cultura africana, essa ação trouxe também a oportunidade de se discutir a questão das diferenças (religião, cor, e afins), a pluralidade e os direitos. O que levou a realização da prática? (diagnóstico) O interesse das crianças pelos contos populares e a presença de crianças de diferentes raças na escola, levou a professora a realizar uma sequência didática que trabalhava com os contos africanos. Descrição das intervenções que foram realizadas O foco do trabalho com o novo e com a descoberta, criou contextos e despertou o desejo de conhecer e explorar os encantos da África, bem como trouxe à tona todo o conhecimento e potencial das crianças. Os contos africanos transmitidos por gerações, celebram a cultura e os costumes de um povo possibilitaram aprendizagens e valorização de uma cultura diferente. A beleza e as cores reveladas nas imagens dos contos (um fator marcante), seus tons contrastantes à realidade, marcada por desigualdes, carregam nas cores a força dessa cultura. As mesmas cores vibrantes foram utilizadas nos espaços durante as leituras e contações; cenários criados as crianças, com muitos elementos naturais. Utilizaram-se outros instrumentos como brinquedos (animais africanos, castelos etc.), fantoches, etc, em narrativas e personagens que trouxeram novas descobertas e novos desafios. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido Com essa sequência de atividades, pode-se perceber o quanto as crianças são capazes e nos surpreendem. A cada atividade, revelavam o que sabiam e o que estavam aprendendo e imaginando. Num simples apontar de dedo, para dizer que aqueles eram animais da áfrica; que a bola transparente agora era a lua, e que poderiam ter inúmeras bolas, seriam “várias luas”, ou quando o brincar com a “cobra de meia colorida” era brincar com seu amigo sapo; e que as imagens gravadas na capa do livro, já definiam as “histórias da África”. A palavra “emoção” é aquela que caracteriza o encontro das crianças com os contos africanos. Foram dois meses de um mergulho que ampliou a visão sobre a África e sua cultura e também um momento onde as crianças puderam expressar tudo o que sabiam e tudo o que aprenderam nesse processo. Descrição dos resultados das ações Um dos pontos marcantes dessa sequência, foi a participação de dona Inês, mãe de uma das crianças, de origem angolana. Ela prontamente aceitou o convite e foi além, presenteou as crianças e os adultos com uma boneca de pano, tão comum para ela, em sua cultura, pois produzem os brinquedos para seus filhos. Realizou-se uma vivência, uma imersão nessa cultura, por meio das histórias da Dona Inês, o que confirmou para todos que o saber, o conhecimento, é como uma semente, nunca como árvore crescida. Os pais também tiveram a oportunidade de aprender, por exemplo, revelado na frase de uma mãe: “o Baobá é uma árvore muito grande e é preciso vários homens para abraçá-la”; E uma criança explicando para a mãe: ... “é assim que se dança lá na África”. Nome da Instituição: CEI A. E. Carvalho Responsável: Maria Mauricia da Silva Souza Rabelo Função ou cargo que ocupa: Diretora Equipe participante: Docentes, gestão operacional, crianças, famílias e comunidade Categoria: Gestão 1 - Como favorecemos o protagonismo infantil (o olhar da gestão para a criança) Município e Estado: São Paulo/SP Faixa etária atendida: 0 a 3 anos O que levou a realização da prática? (diagnóstico) A proposta teve como princípio garantir os direitos de bebês e crianças de se locomoverem pelo bairro cotidianamente para chegarem ao CEI, entendendo que o educar e cuidar vai além dos muros da escola da infância, envolvendo a família e a comunidade. O terreno ao lado da escola era um ponto de descarte irregular de lixo. As crianças percebiam o incômodo que isso causava e conversavam sobre os problemas e dificuldades que tinha para chegar na escola. Nas discussões em roda a professora e as crianças começaram a pensar no que poderia ser feito para resolver esse problema. Descrição das intervenções que foram realizadas Com esta demanda no cotidiano da unidade, a direção e demais funcionários constataram a necessidade de atuar junto às crianças na preservação e conservação do ambiente externo ao CEI, buscando uma melhor convivência no território. A intenção foi desenvolver uma ação em que as próprias crianças pudessem participar das mudanças no território, conservando e preservando o espaço em que vivem, o que amplia a visão cidadã para a conquista de uma sociedade mais sustentável. O plano de ação contemplava encontros com o poder público, garantindo a rede de proteção; visitas ao espaço; vivencias e experiências significativas com as crianças; oficinas com as famílias; encontros com os moradores; monitoramento do espaço junto com as crianças, além do diálogo com outras instituições da comunidade. Depois da retirada do lixo do local pela prefeitura, uma reinvindicação do CEI, os familiares e moradores do entorno prepararam o espaço junto com as crianças e funcionários, embelezando-o com plantas, com pinturas nos muros, colocação de brinquedos, entre outros, efetivando a ocupação daquele espaço, agora revitalizado. As crianças apropriavam-se do espaço e discutiam mais possibilidades de melhorias. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido É preciso discutir políticas públicas desde a creche, com crianças pequenas, porque elas são capazes de compreender o que acontece no território e também de disseminar seus conhecimentos. Suas vozes precisam ser ouvidas e levadas a sério. Em roda de conversa com as crianças a intenção era fazer provocações em relação ao descarte de lixo em vias públicas. Surgiram muitas falas interessantes sobre o entorno da creche e de suas casas, tais como: - “Minha avó mora em frente, entra rato na casa dela!” - “Tiraram o lixo da calçada, agora posso passar com minha mãe; - “Não pode jogar lixo na rua tem que jogar no lixo” Muitos assuntos interessavam às crianças e elas buscavam soluções para o problema que enfrentavam. Descrição dos resultados das ações O projeto alcançou sua metade hoje o espaço é monitorado por todos, mantendo a limpeza local, o envolvimento das crianças e famílias. O diálogo com a comunidade ficou mais frequente, estreitando as relações e o senso de pertencimento. As crianças. Com seus direitos garantidos, ocupam o espaço coletivo para experimentar, aprender, brincar, explorar, se esconder e se encantar com e na natureza. Juntos, na parceria, com criatividade, coragem e incentivo é possível garantir direitos e inovar, superando as dificuldades e desemparedando as infâncias. Esta é uma ação de cuidado. Cuidado consigo, com o outro e com o meio ambiente. Nome do Projeto: Com que roupa eu vou para chuva Responsáveis: Adriana Miliorança, Andrea Miliorança, Tessy Rocha Instituição: Centro de Educação Infantil Cantinho Feliz - Curitiba-PR Faixa etária atendida: 0 a 3 anos Como ocorre em várias instituições no Centro de Educação Infantil (CEI) Cantinho Feliz as crianças conversavam sobre o tempo observando da janela e registravam no calendário se havia sol ou chuva. Prática mecânica que não traz nenhuma contribuição para uma aprendizagem efetiva. Além disso, brincavam na sala nos dias de chuva e permaneciam nesse espaço por longos períodos, mesmo nos dias de sol.
Com muita formação continuada, reflexão sobre a prática e novas informações sobre como crianças pequenas constroem conhecimentos sobre a natureza, foi possível mudar completamente as atividades da unidade educativa. Destacamos aqui principalmente a capacidade de ouvir as crianças e as propostas com sentido e significado que foram desenvolvidas. Os saberes infantis sobre a chuva: - Tem vento. Sempre que tem vento chove? - O parque está molhado porque choveu. - Mas o parque não tá todo molhado,eu acho que não é chuva. - É porque tem neblina que o parque tá molhado! - Quando eu vou na praia tem neblina. - Tem sol, mas tá frio. - Pra medir a temperatura, a gente usa um termômetro, eu vi no Doc, ( Discovery Kids) As professoras começaram além de prestar atenção aos saberes infantis, propiciar experiênciasde exploração nos espaços externos com elementos da natureza . As crianças puderam adequar vestimentas para brincar nos dias de chuva, pisar no barro e nas poças de água. Houve um aumento grande de repertório e os pequenos puderam realizar comparações sobre espaços, condições climáticas e adequação de vestuário. Os registros por meio de desenho e fotográfico dão conta das inúmeras aprendizagens com sentido e significado que todos os envolvidos , crianças e professoras, puderam fazer. OBS: Mais informações sobre essa experiência, você encontra na Revista Avisa lá nº 64 (Novembro/2015). Nome da escola: INSTITUTO PRÓ-SABER SP Responsável pelo projeto/ação: FERNANDA RENNER, MÁRCIA FÉLIX E LIA OLIVAL Função: COORDENADORAS PEDAGÓGICAS Educadores envolvidos no projeto: CRISTIANE MENDES, KARINA ALVES E PATRÍCIA SOARES Município/Estado:SÃO PAULO - SP Faixa etária atendida: CRIANÇAS DE 4 A 10 ANOS O que levou à realização da prática? (diagnóstico) O “Chá Literário foi criado a partir de um trabalho de sondagens de leitura e escrita com crianças que participaram do programa Ler & Brincar, em 2017. O evento tem o intuito de estimular a leitura, e ajudar as crianças a ler com fluência textos significativos, como poemas, quadrinhas, adivinhas, músicas, entre outros Descrição das ações realizadas: As crianças escolhem os textos que vão ler no Chá e trabalham com eles durante vários dias, apoiadas pelos professores e levando para ler com seus familiares, o que contribui para que adquiram confiança e fluência para ler. Os Chás Literários que acontecem todos os meses, é levado muito a sério, mas também é recheado de afetividade e diversão. Descrição dos fazeres e saberes infantis que emergiram no trabalho desenvolvido: Ao longo do ano, realizamos muitas edições do Chá e isso revelou toda a potência que as crianças têm, desde que tenham a oportunidade de aprimorar e expressar seus conhecimentos. Percebemos que o chá é um acontecimento muito esperado por elas. No dia marcado, vemos crianças bem arrumadas, com cabelo enfeitado e até de roupa nova. Tudo para se apresentar para os colegas. As crianças escolhem com quem querem ler, e se precisam de ajuda do professor. Muitas começam tímidas e muito inseguras, mas aos poucos, vão ganhando confiança. Não é apenas ler com fluência, mas também sentir-se capaz, respeitada e acolhida nos seus saberes. Nas primeiras apresentações, apenas as crianças que já sabem ler sentem-se preparadas para fazê-lo diante dos amigos. Com o passar dos meses, e a partir de boas intervenções dos professores, é comum que 100% do grupo participe. Até as mais tímidas e com dificuldades conseguem ler. Para isso acontecer, as crianças leem juntas para que se apoiem, e também os professores leem junto. Dessa forma, mostramos que o desafio é possível, e que ler é uma atividade repleta de contexto. Descrição dos resultados da ação: Ao longo de um ano, realizamos 10 edições do chá literário. Comprovamos com atividades de sondagem e leituras em sala feitas pelos alunos que, aqueles que tinham dificuldades para ler, conseguem desenvolver a fluência e melhorar o seu desempenho. Temos relatos de famílias sobre o quanto as crianças são elogiadas pelos professores, o que traz uma grande satisfação a todos. Também percebemos que o sucesso na leitura desenvolve o gosto e o interesse em participar de eventos como esse. As crianças sentem-se capazes e felizes em conseguir mostrar o que sabem e o que aprendem. Ler no chá literário, seja sozinho, com outras crianças ou em grupo é um grande desafio para muitas delas. Transpor essa barreira é um marco para todas. A cada mês vemos mais crianças subirem no palco para ler e compartilhar essa conquista com o grupo. Para a equipe de educadores fica a certeza de que boas práticas de leitura podem ser decisivas no desenvolvimento das crianças. Ao final das leituras, todas as crianças e professores tomam chá com bolachas, e celebram a leitura de forma única. Nome da Instituição: Escola Municipal de Educação Infantil Vasco Prado Responsável: Caroline da Costa Cardoso Função ou cargo que ocupa: Professora/Coordenadora Pedagógica Equipe participante: Mara Regina Souto Jacques Município e Estado: Uruguaina/ RS Faixa etária atendida: 0 a 3 anos Categoria: Gestão 2 : Projetos de Formação O que levou a realização da prática? (diagnóstico) A partir da reflexão sobre os registros das professoras, a coordenadora pedagógica, decidiu investir em um processo de formação que construísse uma nova identidade para a creche. Isso porque as narrativas dos registros não se conectavam aos modos de aprender das crianças e a sua relação com o mundo. A presença de relatos como: “Na pracinha explora todos os brinquedos com a ajuda da educadora, mostrando coordenação motora compatível com sua faixa etária”, revelava uma prática desprovida de significado e frustrante para as professoras. Não havia uma correspondência entre as manifestações infantis e o que elas propunham. Queixas como falta de concentração das crianças nas atividades ou insatisfação com relação ao alcance de algum conhecimento formal, como cores e números eram comuns no cotidiano. Os registros fotográficos demonstravam, da mesma forma, pouca expressividade no fazer das crianças, como se a intenção fosse apenas marcar a concretização de um planejamento e o alcance de objetivos pré-definidos pelo adulto. As potencialidades das crianças pareciam invisíveis para as professoras, elas passavam despercebidas e ficavam dúvidas sobre o lugar do adulto nesse espaço. Como poderiam reconstruir os olhares para as crianças, reconstruindo, ao mesmo tempo, novos sentidos para a prática docente na escola? Partindo de sua própria experiência como professora, a Coordenadora resgatou o modo como se afetava com as escutas das crianças, para sensibilizar o grupo de professoras, despertando-as para algo novo, diferente e que possibilitasse uma abertura para se ver as maravilhosas manifestações de quem está descobrindo o mundo e encontrando formas para mostrar o quanto poderia ser significativo cada momento que passavam com as crianças. A Coordenadora acreditou que, assim como ela, as professoras poderiam aprender com as crianças e encontrar um novo sentido para seu papel na escola de educação infantil. Descrição das intervenções que foram realizadas As formações se tiveram como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e a Base Nacional Comum Curricular, buscando confrontar seus conceitos com aqueles construídos na prática cotidiana das professoras. Deu início confrontando dois conceitos: atividade e experiência. Propôs a utilização dos registros de forma que as professoras buscassem as experiências das crianças, mesmo que as propostas ainda fossem vistas, por elas, como atividades. Isso possibilitou uma nova forma de olhar, tornando visível o que não era observado anteriormente, pois as crianças estão a todo momento em busca de suas próprias experiências. Discutiram os direitos de aprendizagem da BNCC observando a busca das crianças pela garantia desses direitos, mesmo em contextos que não valorizam suas potencialidades. E, cada direito pode ser relacionado a uma situação cotidiana comumente apresentada pelas crianças, mas que os adultos normalmente não conseguiam acolher e interpretar. A Coordenadora se valeu de uma estratégia muito simples, mas que se mostrou bastante eficaz. Propôs às professoras a confecção de bolsas artesanais, que utilizariam a tiracolo, como um bloco de anotações para não perderem os indícios que as crianças apresentavam no dia a dia da escola, além de construírem seus modos próprios de escrever. Nos encontros de formação iam entrelaçando as observações escritas das professoras com os conteúdos já discutidos em encontros anteriores. O resultado desse trabalho foi a construção de uma mapa conceitual a partir dos olhares e falas das professoras que revelava o que aprendiam e desenvolviam com as crianças. A partir daí muitas oportunidades formativas nasceram no cotidiano da escola; apostando no despertar das professoras a partir de uma escuta efetiva e para ressignificação de seu papel como professoras na creche, nutrida cotidianamente, com as tessituras do crescimento de crianças e adultos. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido Nos relatórios as crianças ganham maior liberdade para buscar os próprios significados, validados pelos adultos por meios da escuta e identificação das subjetividades em um contexto coletivo, tais como: “Na atividade com argila, água e espaguete, Isabela misturou os ingredientes, mostrando para as educadoras as transformações que ela observava acontecer.” Ou, “Experimenta situações de faz de conta com sua colega Ana; sempre inventam boas brincadeiras, gostam de explorar o pátio. Sobem, descem, correm, escorregam, observam plantas, insetos, buracos, dizem que é a casa do jacaré.” Descrição dos resultados das ações Considerando esses movimentos de escuta como uma conquista do grupo de professoras, foi proposto um novo desafio, a realização de uma Mostra Pedagógica diferente, tornando visíveis as escutas que mostravam os percursos vividos pelas crianças ao longo do semestre. Cada professora escolheu duas experiências narradas em fotos e textos para que as crianças e as famílias pudessem ocupar esse espaço e viver esse encontro de uma forma diferente das anteriores. E num tempo leve e fluido, as famílias ocuparam a Mostra, circulando pelo espaço e dedicando tempo para estar com as crianças e para entenderem um pouco da uma nova cultura que se construía na escola. Um sentimento de valorização, de percepção da própria potencialidade como autoras de um novo sentido sobre a educação das crianças; esse novo tempo foi ao poucos tomando conta das falas e posturas cotidianas, destacando-se o desejo de conhecer ainda mais as crianças e ampliando a compreensão de que será na investigação da própria realidade que se encontra o caminho de crescimento como educadores de crianças. Nome da Instituição: Escola Municipal Olga Benário Responsável: Roseane Moraes Monteiro Função ou cargo que ocupa: Professora Equipe participante: Gabrielhe Santos, Poliana dos Santos Bandeira., Moisés Azulay Município e Estado: Belém - Pará Faixa etária atendida: 5 a 7 anos - EF Categoria: Professor 2 - Investigações Infantis O que levou a realização da prática? (diagnóstico)Nesta prática, o desafio da professora de uma turma do 1º Ano do Ensino Fundamental foi desenvolver um trabalho diferenciado e com significado, que garantisse o direito de aprendizagem a uma aluna deficiente visual, com qualidade de acesso e permanência, como preconiza a LDB, bem como, de acordo com a proposta do Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa. ‘Alfabetizar com os sentidos’ foi a ação desenvolvida com 25 crianças entre 5 a 7 anos e teve por objetivo proporcionar vivências significativas de letramento com estímulos ao uso dos sentidos, possibilitando uma interação com o universo de uma criança cega. Desse modo, feita a análise diagnóstica com base no SEA (Sistema de Escrita Alfabética), a professora observou as diferentes hipóteses das crianças com relação à língua. Constatou que apenas a aluna com deficiência “T”, era alfabética pois, por meio de um escriba ou do alfabeto móvel, conseguia escrever palavras canônicas e não canônicas e estava iniciando seu aprendizado no Sistema Braille em um instituto especializado. Descrição das intervenções que foram realizadasNo início do processo as atividades desenvolvidas eram voltadas à adaptação e diagnose das crianças, inseridas no projeto da rede municipal. Mas ao perceber o interesse das crianças por música, a professora iniciou uma abordagem com cantigas de roda, com movimentos e gestos, localização e atividades de leitura e escrita de textos conhecidos. Inicialmente “T” realizava a atividade em caderno adaptado A3 e gostava de fazer seus registros a sua maneira; também recorria ao alfabeto móvel de plástico ou de madeira. “Destaco aqui um momento de angústia quando a via dedilhando o livro sem nenhum relevo e decidi fazer o mesmo quando todos saíram, vendei meus olhos e passei o dedo e imaginei como me sentiria se fosse comigo. Essa experiência com o livro foi marcante e por isso, precisei de alguns dias para fazer adaptações nos 3 livros preferidos dela, pois aproveitei a habilidade que a criança tinha em memorizar e reconhecer diversas formas em relevo”. (depoimento da professora) Depois de lerem a história de João e o pé de feijão e de estudarem a importância dos vegetais em nossa alimentação, as crianças plantaram feijões que regavam e colocavam ao sol todos os dias, registrando seu processo de crescimento. Assim, “T” pode perceber as mudanças ao tocar na terra e também ajudar no cuidado com a planta, bem como registrando suas impressões. Diariamente, “T” impressionava a todos por sua habilidade em se adaptar a diferentes situações, desde uma simples brincadeira com balões em que ela pediu o de cor rosa. Ao ser questionada por que queria o rosa, ela respondeu: - “Ora, é cor de princesa e é a minha cor preferida”! Ao distribuir os balões de várias cores, a professora fazia analogias por meio de objetos ou falas para ”T”, como por exemplo: balão branco/ algodão para dizer como era macio, assim como a cor; balão verde / folha de árvore; amarelo/quente como o sol, marrom /chocolate e assim por diante. Desde então, “T” fazia questão de pintar com as cores conhecidas, pois seus lápis tinham tamanhos e espessuras diferentes e ela conhecia todos. No segundo semestre iniciaram o trabalho com o sistema Braille a partir da doação da reglete e punção pelo técnico do Departamento de Educação Especial e com o apoio de uma estagiária com curso básico em braile. A partir de então, passaram para uma nova fase de reestruturação das atividades, pois de acordo com Sá e Magalhães (2008), para a realização da escrita ou leitura em braille, é necessário que a criança conheça e assimile conceitos gerais e específicos desse sistema. A visita semanal do técnico, que também era cego, o apoio da estagiária e da família na elaboração de materiais, bem como, as pesquisas e estudos sobre essa nova forma de escrita fez a professora ousar na introdução desse sistema, mesmo estando em sala regular. E o processo foi significativo também para os outros educandos que quiseram aprender como ela fazia para ler ‘as bolinhas’. A partir desse interesse a professora reproduziu as fichas de nomes e montou placas para os espaços com formato em Braille. Após a inserção do Sistema Braille, as atividades passaram a ser registradas e transcritas pela própria criança e adaptadas, quando necessário, e isso fez com que a aluna tivesse avanços significativos na escrita, pois ela passou a produzir textos mais complexos. Uma ação interessante nesse processo foi a discussão sobre eleições e representação. As crianças vivenciaram um processo eleitoral para eleger o representante da turma junto à direção para discutir melhorias necessárias à escola. Fizeram simulações sobre a retirada do título de eleitor, o registro das propostas e fizeram um debate dos candidatos onde trataram de temas relativos aos direitos e prioridades das pessoas deficientes. Até as cédulas foram adaptadas em braile. Houve um avanço das crianças na escrita e leitura. Por ver a necessidade de “T” ler, adaptaram o livro “Se criança governasse o mundo” de Marcelo Xavier com ilustrações e interferências táteis das crianças, registrado em braile. O resultado foi apresentado na Feira Cultural e depois, em comum acordo com as crianças e familiares, o livro foi doado à biblioteca da escola. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido O projeto priorizou o trabalho diversificado, com atividades em grupos ou pares, favorecendo a troca de experiências e saberes das crianças. As aulas expositivas e descritivas com exemplos concretos, apoiou a criança cega a sentir-se partícipe de tudo e não apenas uma ouvinte. As crianças passaram a se envolver mais na elaboração das aulas, davam sugestões de atividades, como a da leitura diária, ora realizada pela professora, ora pelas criança ou em áudios e vídeos, geralmente adaptados com descrições verbais. A característica diferenciada da turma e as respostas dada por “T”, que demonstrava bastante autonomia e sempre buscava novos desafios, acabou despertando a atenção dos educandos que, por vezes, chegaram a duvidar se ela enxergava ou não, pois era difícil para eles entenderem como ela conseguia saber e fazer coisas que eles não conseguiam. Muitas vezes, recorriam a ela para auxiliá-los, o que contribuiu para que os alunos da turma sentissem o desejo de saber e ser como ela. Cada fase, evento ou atividade do projeto era pensado e combinado com todos e houve a preocupação das crianças em não deixar a amiga de fora. As crianças queriam acompanhá-la no parquinho, sentar-se ao lado dela, ajudar no que fosse preciso, pois eles a viam por suas qualidades e não por sua deficiência. Descrição dos resultados das ações Os objetivos foram alcançados de forma significativa para a turma e para cada educando. Mesmo com toda a complexidade que é alfabetizar uma criança com deficiência visual, existem muitas semelhanças no processo de alfabetização e letramento como aponta Almeida (2002), - “a principal semelhança é que as crianças com cegueira passam pelas mesmas etapas, conflitos cognitivos e têm o mesmo desejo de aprender”. Nos primeiros meses as crianças tinham receio, algumas sentiam dó, no entanto, com o passar do tempo e vendo a evolução da criança, as falas eram bem diferentes. As crianças sempre diziam que "T" era a menina mais inteligente da turma, que ela precisava de ajuda, mas que sabia se cuidar muito bem. “T” tornou-se bem popular e fez amizades com crianças de outras turmas, as famílias ficaram mais próximas e solicitaram uma confraternização ao final do ano, um momento de grande alegria e gratidão. Houve um efeito foi de mão dupla, pois o bem que ela fazia aos demais retornava a ela em forma de boas gargalhadas e também um esforço por parte de todos. Ao refletir sobre sua prática, a professora se reporta a Paulo Freire: “Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante”. Por tudo o que foi vivenciado nesse projeto e pelos resultados, que ultrapassaram as paredes da sala e fizeram com que a escola se tornasse uma referência de trabalho com criança cega e de baixa visão, hoje essa temática compõe o PP e a formação continuada em serviço. Responsáveis: Rosana Pollini, Claudia Tavares. Instituição: EMEI Cônego Mateus Ruiz Domingues – Itapira, SP. Faixa etária atendida: 4 a 5 anos Ao longo da formação, fizemos muitas mudanças na EMEI. Antes, tudo o que ia para parede ficava nas mãos das professoras: apesar de ter produções das crianças expostas em murais, por exemplo, nem sempre eram organizadas de modo que estas ficassem de fato em evidência: enfeites muito coloridos feitos pelas professoras chamavam mais atenção do que os próprios desenhos das crianças. Nas salas de aula, o ano já começava com as paredes lotadas de enfeites e murais feitos pelas... professoras! E as manifestações das crianças? Onde elas estavam? Foram realizadas muitas reflexões sobre a escola ser o espaço das crianças e para as crianças, sobre a importância da valorização de sua produção e sobre a presença dos desenhos estereotipados nas escolas. Será que nossa função não seria, justamente, a de oferecer outros parâmetros estéticos e visuais nas escolas, diferente dos que estão pelo mundo afora? Aos poucos, fomos abrindo espaço para que desenhos de autoria infantil – e não figuras prontas, todas iguais, a serem coloridas – ganhassem mais espaço. Valorizamos as ilustrações e as escritas decorrentes do projeto didático e das sequências de atividade sobre animais. Agora, quando alguém entra em nossa escola sabemos o que as crianças fazem, o que estudam, o que sabem. O canto de leitura, que antes tinha um mural pronto, agora é decorado com desenhos das crianças. Mas, estamos em um processo! À vezes ainda escapa um ou outro enfeite. Mudar não é fácil Nome da Instituição: Escola Municipal de Educação Infantil Dr. Carlos Nelz Responsável: Cláudia Fernanda Bergamo Drechsler Função ou cargo que ocupa: Professora de EI Município e Estado: Gramado/RS Faixa etária atendida: 4 a 5 anos Categoria: Professor 2 - Passei a valorizar e expor as produções infantis O que levou a realização da prática? (diagnóstico) A professora há muito se preocupava em como integrar as crianças ao espaço da escola e vinha discutindo com as colegas sobre a possibilidade de renovar os espaços com produções das crianças, para que elas se vissem como autoras, parte integrante do espaço, sem utilizar materiais plásticos, EVAs, entre outros. O cabide onde eram guardadas as mochilas das crianças, por exemplo, eram identificados por personagens estereotipados, todos iguais, sem que a criança participasse do processo de criação, não deixando suas marcas naquele espaço. Descrição das intervenções que foram realizadas A professora iniciou um trabalho com a identidade das crianças. Exploraram muitos materiais e construíram, em conjunto, o cabideiro da sala, mas, ao invés de personagens, utilizaram o autorretrato. Logo no início do ano, eles se olharam no espelho e retrataram em papel cartão sua “fotografia de corpo todo”, como as crianças dizem. Esses desenhos foram colocados nos cabides, juntamente com seus nomes. No meio do ano, realizaram a troca desses retratos e os recolocaram nos lugares que escolheram. A entrada da sala também foi confeccionada pelas crianças e toda a ação permitiu que elas reinventassem os espaços da escola. Pinturas, trabalhos em argila e tudo o que é feito pelas crianças é exposto na sala e nos corredores da escola. As próprias crianças ajudam a pensar onde ficariam melhor expor suas criações. O painel principal também foi confeccionado por eles, assim como o painel de tecido que existe no refeitório da escola. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido As crianças passaram a reconhecer e valorizar suas produções. Uma delas mostrou como queria colar sua “foto” e a professora pensou que a posição fosse invertida, obtendo como resposta: “não profe, olha aqui o meu cabelo, cabelo é em cima da cabeça, né”? Maria Isabella comenta: “não tem problema, né profe? Eu gosto de desenhar todo mundo” (família). “Olhem como estou linda”! Murilo brinca: “Profe, eu fiz uma pessoa com orelha de gato e bigode de rato, acho que não sou eu!” e ria sozinho. E no mural do banheiro... Taylor: “Tu viu que a gente está escovando os dentes aqui, Murilo? É legal a gente se ver nas fotos, né”? Descrição dos resultados das ações É nítida a evolução dos detalhes nos desenhos das crianças. Além de demonstraram evolução na linguagem oral e escrita. Muitas das crianças diziam que não conseguiam, não sabiam desenhar, mas hoje não aceitam mais propostas estereotipadas ou reproduções de desenhos. As crianças mostram-se seguras ao expor o que produzem. Levam para casa, mostrando a todos, satisfeitos e felizes, suas criações. Nome da Instituição: CEI Vila Jóia - Instituto Kwaray Responsável: Daniele Iacovantuono Função ou cargo que ocupa: Diretora Equipe participante: Gestão, Equipe Docente e Equipe de Apoio Município e Estado: São Paulo/SP Faixa etária atendida: 0 a 3 anos Categoria: Gestão 1 : Como favorecemos o protagonismo infantil (o olhar da gestão para a criança) O que levou a realização da prática? (diagnóstico) Esta prática nasceu da necessidade sentida pela diretora da creche e sua equipe, de uma nova utilização do espaço externo do CEI, que contava apenas com brinquedos tradicionais de plástico e ferro (escorregador, balança, gira-gira e gangorra), que não favoreciam as explorações infantis. E também de sua subutilização pelos bebês e crianças pequenas (aproximadamente 40 minutos diários para cada turma), o que mantinha as crianças muito tempo nas salas, sem permitir que usufruíssem tudo o que um espaço externo bem estruturado poderia proporcionar para sua aprendizagem e desenvolvimento. Esse movimento se deu, principalmente, a partir da observação, por parte dos adultos, das “pistas” que as crianças traziam, indícios de que queriam mais em suas brincadeiras livres. Elas expressavam-se como um avião de braços abertos, cavavam buracos na areia como se estivessem na praia, corriam por cima dos canteiros das jardineiras como se estivessem passando por cima de um circuito. Assim, as dicas das crianças abriram espaço para a realização de um diagnóstico que demonstrou a necessidade de se ocupar o parque da unidade com ações que ampliassem as possibilidades das crianças e que também, garantisse o direito de escolha, com propostas mais desafiadoras e com um tempo maior para as vivências diárias. Isto porque a equipe pode ver a criança como um ser capaz, potente, socialmente competente, com direito à voz e à participação nas escolhas. Planejaram uma ocupação do parque com o objetivo de transformá-lo em um lugar privilegiado para vivências e experiências da primeira infância, para e com as crianças, com o intuito de atender suas individualidades. A diversidade de materiais que a natureza poderia oferecer propiciaria experiências sensíveis em um território infinito de possibilidades com texturas, cores, sons e aromas naturais. Descrição das intervenções que foram realizadas Cada professora planejou o seu “Canto do Brincar” com as crianças e as escolhas ocorreram por meio de imagens. A partir dessa ação, passaram a organizar quatro cantos diferenciados diariamente no parque, como: circuito com pneus e ripa, canto de construção com materiais de largo alcance, cantos de faz de conta, casinha, parque, elementos da natureza, artes, leitura, entre outros, modificados semanalmente. A Gestão definiu um cronograma diário com horários para montar e desmontar os Cantos do Brincar no parque. Como os cantos contam com uma professora titular e duas volantes, o processo acaba sendo rápido e ágil. Organizaram a ocupação do parque em duas turmas– manhã e tarde, já que o CEI atende 160 bebês e crianças, dobrando o tempo de sua permanência no espaço. Alcançaram, assim, um maior aproveitamento e mais qualidade na utilização dos Cantos do Brincar. Essa proposta apoia também o olhar e a escuta das professoras, na realização dos Registros. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido As crianças demonstram um fascínio pelos materiais mais simples e pelos elementos da natureza que, por sua vez, potencializam a concretude do faz de conta, da construção e das manifestações artísticas. É um espetáculo poder observar as preferências das crianças por cantos, materiais ou propostas, bem como contar com um tempo ampliado que possibilita abrir espaço para o começo, meio e fim nas brincadeiras. Descrição dos resultados das ações Essa ocupação do parque com materiais simples e diversificados, com tempo alargado, potencializa as explorações infantis e abre espaço para a curiosidade, o domínio de novas habilidades, a construção do novo e começa a tornar visível também o interesse das educadoras. Elas passam a relatar, por exemplo, uma criança observando a areia caindo de um funil como se estivesse em câmera lenta ou investigando uma folha vermelha através do raio de sol com calmaria e concentração, na perspectiva da criança; alguém que vê o mundo com seus próprios olhos, levanta hipóteses, constrói relações, teorias e culturas infantis, por meio de suas expressões próprias, construindo saberes e ensinando os adultos. O papel do educador na Educação Infantil é o de escutar as crianças, articular e apoiar suas descobertas, criando condições para a produção de conhecimento de maneira integral, não fragmentada. Quando o educador aprimora seu olhar, novas observações e experimentações se tornam possíveis. Além disso, graças a indicadores de avaliação, pode-se constatar menos acidentes no parque e menos adoecimento das crianças. O CEI é hoje um lugar de aprendizados e desenvolvimento por meio de múltiplas linguagens, experiências e, principalmente, por meio do lúdico, ou seja, as crianças APRENDEM brincando e BRINCAM aprendendo; pois elas são as protagonistas da ação educativa. Nome da Instituição: EMEI Décio Trujillo Responsável: Jerusa Pereira de Jesus Função ou cargo que ocupa: Professor de Educação Infantil Município e Estado: Barueri - São Paulo Faixa etária atendida: Crianças de 05 anos Categoria: Passei a ouvir, observar e conhecer mais as crianças O que levou a realização da prática? (diagnóstico) Decidi mudar minha prática de trabalho com as crianças, após participar de um curso sobre Documentação Pedagógica. Pensar essa criança como protagonista de suas ações, passando a escutá-la e a observá-la em suas produções e brincadeiras. Ao invés de trazer propostas prontas resolvi pensar em situações em que as crianças tivessem a oportunidade de ser autônomas e coautoras de seus trabalhos por meio da experimentação, pesquisas, interações e explorações, assim tinha como foco de observação o processo e não apenas o produto. Para que isso fosse possível, comecei a mudança da sala organizando os espaços com diferentes materiais (riscantes e papéis variados, tintas, colas, fitas, tecidos e materiais não estruturados). Assim, as crianças poderiam escolher os materiais e realizar seus trabalhos tanto na sala de aula quanto no quintal, que passou a sua extensão. No começo algumas crianças, ainda não acostumadas com essa prática, perguntavam se podiam usar o material, mas logo ganharam autonomia e passaram a construir objetos, fazer arte e projetar. Chegavam felizes e ansiosas para realizar seus projetos. O Projeto Construções surgiu a partir da observação das ações, das interações, das ideias, dos diálogos entre as crianças. Um trabalho de escuta atenta possibilitou não apenas visualizar o que as crianças fazem, mas dar visibilidade às suas competências. Intervenções realizadas A disposição de materiais diversos, de fácil acesso para as crianças, e também a substituição dos brinquedos convencionais da sala por materiais não estruturados, instigou a capacidade de criação e imaginação das crianças. Com esses materiais elas passaram a criar e imaginar diferentes situações. Investigavam as diferentes possibilidades dos materiais e traziam à tona descobertas e narrativas bem interessantes. Passei a planejar situações e trazer para as crianças materiais diversos como: tecidos, elementos da natureza, papelão, tubos, canos, carretéis, para que elas fizessem seus projetos individuais ou em pequenos grupos. Descrição dos saberes e fazeres infantis Durante as propostas de construção as crianças expressavam suas opiniões e pensamentos sobre o que construíam. Na maioria das vezes, organizavam-se em pequenos grupos para a realização de um projeto, compartilhavam seus saberes e vibravam quando encontravam soluções para resolver algum problema ou mesmo quando concluíam um trabalho. Outro fator importante que identifiquei foi a diminuição de conflitos entre elas, pois os materiais pertenciam a todos e cada uma fazia dele o uso que a sua imaginação permitisse. Nesse trabalho as crianças exploraram vários conceitos como: equilíbrio, massa, estética, resolução de problemas. O jogo simbólico esteve presente em várias situações, como por exemplo, durante a construção com placas de papelão, Alexandre resolve montar uma mesa de frutas, e assim que a mesa ficou pronta, Maria Luiza sugeriu que ele colocasse frutas (tampas coloridas) sobre a mesa. Outras crianças se aproximaram e começaram a brincar com eles como se estivessem em uma feira cheia de clientes querendo escolher suas frutas. A brincadeira se estendeu até o quintal e durante alguns dias as crianças vendiam e compravam em suas bancas. Extratos das falas das crianças Júlia disse: “Quero fazer uma flor” Micaele e Nicoly disseram: Não, nós vamos fazer um shopping”! Júlia logo muda de ideia e propõe: “ Vamos fazer uma arte!” O grupo concorda e Jady fala: “Vamos fazer uma arte com equilíbrio”. As crianças decidem montar uma “Arte” com as formas. Júlia coloca as primeiras peças e tenta encaixá-las. Caio sugere que ela “coloque as peças parecidas bem juntinhas prá ficar coladas umas nas outras”. Na roda de apreciação, as crianças se expressavam: - “Isso é um cavalo” (Júlio Cesar) - “Parece um homem com um pé grande” (Arthur) - “Parece um camelo; às vezes é outra coisa, uma cobra, ouriço, uma vaca, um boi e um pé de feijão” (Herick) - “É um gigante” (Larissa) - “Parece uma galinha com seus filhotes, bebendo água e cheirando rosas; os filhotes comendo migalhas de pão” (Caio) Descrição dos resultados das ações Por meio da organização dos espaços, da introdução de novos materiais e do reconhecimento das crianças como protagonistas de suas ações, o ambiente escolar transformou-se em um espaço de aprendizagens significativas. Espaço esse onde as crianças foram ouvidas, não apenas naquilo que verbalizavam, mas em suas ações, em suas ideias, em suas criações e tiveram a oportunidade de criar, experimentar, pesquisar, investigar, imaginar. Muitos outros projetos foram desenvolvidos ao longo do ano, projetos que nasceram das crianças, como a “Arte em papelão” e a escultura feita por Júlio Cesar que, ao encontrar um cano de papelão na sala de artes, decidiu que iria fazer uma escultura com papel, tecidos e folhas secas. Nome da Instituição: Escola Municipal Maria Pereira Guimarães Responsável: Divina Eterna Pereira da Silva Função ou cargo que ocupa: Equipe participante: Josenir Viana Carvalho, Mariza Milhome de Souza Oliveira Categoria: Professor 2: Investigações Infantis Município e Estado: Colinas do Tocantins/TO Faixa etária atendida: 4 e 5 anos O que levou a realização da prática? (diagnóstico) A responsável pela prática relata ter sido uma professora muito tradicional, que acreditava que as crianças deveriam aprender as letras uma por uma, “introduzidas” uma a uma como se as crianças nunca as tivessem visto, para depois juntá-las em sílabas “famílias” e assim, pequenas palavras, depois frases e por último os textos; a maioria destes, vazios de sentidos. A partir de formações e estudos, as velhas convicções foram dando lugar a práticas mais reflexivas, que respeitavam e valorizavam o que sabem e como pensam as crianças. O exercício contínuo desse novo olhar e a busca de formas significativas de reflexão sobre o sistema alfabético, levou a professora a propor um trabalho com o nome próprio. Ler e escrever o próprio nome e o dos colegas da classe são aprendizagens que carregam um significado emocional, já que são parte da identidade de cada criança. Os nomes assumem grande valor para a aprendizagem, pois lançam problemas interessantes que contribuem para a reflexão sobre o nosso sistema de escrita. Além de disso, o trabalho com o nome próprio é uma atividade permanente que pode ser desenvolvida durante todo o ano letivo. A Escola atende famílias de estratos baixos e médios, fragilizadas social e economicamente e a escola tenta oferecer um ensino de qualidade para que todas as crianças tenham seus direitos de ler e escrever garantidos. O trabalho com o nome próprio possibilita aproximar as crianças da escrita de forma instigante e eficiente. As situações didáticas de leitura e escrita do nome próprio e dos colegas da classe, permite às crianças refletir, fazendo comparações com outras escritas e, dessa forma, é possível ajudá-las na compreensão do sistema de escrita. Descrição das intervenções que foram realizadas Logo no início do ano letivo a professora conversou sobre o nome das crianças na roda, aproveitando que estavam se apresentando. E quando foram questionados sobre o que gostariam de fazer na escola, responderam, de forma decidida, que queriam aprender a ler e a escrever. Diante disso, a professora passou a oferecer muitas oportunidades significativas de interações com a cultura escrita: tarjetas com nome de cada criança, para a chamada diária, como suporte para escreverem seus nomes na identificação de suas produções, para o trabalho em roda problematizando algumas situações para que pudessem falar o que já Sabiam, como apontar partes dos nomes para que eles analisassem de quem era aquela tarjeta e porque, entre outras abordagens: • Separaram os nomes das meninas e dos meninos; • Escreveram seus nomes no cartaz do jogo do boliche e em outras produções; • Escreveram o nome em seus pertences; • Brincaram do bingo dos nomes; • Escreveram os nomes dos faltosos do dia no “Caderno da Chamada”; • Escreveram o nome no cronograma do ajudante do dia; Em pouco tempo as crianças identificavam seus nomes e os dos colegas. Assim, a cada dia avançavam na construção do repertório pessoal de informações a respeito da língua escrita. Observando que, todos os dias uma criança ou outra faltava à escola, a professora organizou um caderno, onde se fazia a cópia dos nomes das faltosas. Mas não se tratava de cópia pela cópia, é uma situação social, em que se reproduz o contexto cotidiano da chamada. O nome próprio configurava-se, assim, como atividade permanente durante todo o ano letivo. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido Ao mostrar a tarjeta da Ana Alice alguns logo responderam em coro que era o da Ana Alice. A professora questiona: porque acham que é da Ana Alice? A Nicolly respondeu: _ porque começa com a letra “A”. A professora continua indagando: _ E não poderia ser o da Ana Luiza ou o da Ana Jullya, pois os nomes delas também começam com a letra A? Issac, respondeu: - É o da Ana Alice porque tem dois “AS”, olha! Leu apontando o dedo para os “As”. Neste diálogo, pode-se observar que as crianças começavam a perceber que as letras não são partes exclusivas de um único nome, ao ler ANA ALICE apontando para os “As” refletiam que a ordem das letras nas palavras não é aleatória e que existe um sentido convencional para a leitura. Quanto aos números da lista de faltosos, a forma mais comum de as crianças encontrarem o numeral, era contando, do número 1 até o número desejado. Depois de contabilizarem quantos vieram, as crianças tinham outro desafio, saber quantos faltaram. As crianças muito familiarizadas com todos, iam apresentando sem muita demora os nomes dos faltosos. As crianças demostravam muito interesse, pois algumas diziam que um determinado coleguinha tinha faltado no dia e pediam logo: Posso escrever hoje? Pensando nisso, a professora apresentou o problema para as crianças em roda. Como poderiam escolher o ajudante do dia para escrever no caderno de chamada, visto que muitas pediam ao mesmo tempo e que alguns colegas não estavam tendo a oportunidade de participar. (Direitos de Aprendizagem da BNCC da EI, expressar-se e participar). A Byanca disse: - Escreve os nomes e faz um sorteio. Ela provavelmente se lembrou do sorteio que fazem para escolher a criança que levará a sacola de livro literário para casa, para ler com a família. As crianças concordaram. Depois da adoção da lista, tudo ficou mais calmo. Ao apresentar um novo desafio para as crianças, a professora propôs que em vez de ditarem para professora, ela ditaria para uma ou duas crianças escreverem, o que exige um pouco mais de conhecimento sobre o sistema alfabético de escrita. Quais letras colocar, quantas letras colocar e em que ordem organizá-las. Jade e Lívia foram para a lousa para escrever o nome da Ana Julia, que havia faltado naquele dia. Jade escreveu logo o “A” e repetia várias vezes o “NA”. Jade pergunta para Lívia: Como é o NA? Ela mesmo se lembrou: - O NA de COLINAS; olham no canto da lousa onde a palavra que está escrita. Decididas disseram é o “N” mais o “A”. Para escrever PE, de Pedro recorreram a palavra PEIXE na lista dos personagens da história: “Dez casas e um poste que Pedro fez”. Não estavam satisfeitas com a sua escrita “Pero”, porém, não dispunham de nenhuma pista que as ajudassem. Então, a professora perguntou se havia outra palavra com DRO? Depois de pensarem um pouco, Jade diz: “DROGA”. A professora escreveu na lousa essa palavra sem repetir os sons e pediu para que lessem. Logo, escreveram acrescentado o D. Depois a Jade pediu baixinho - Posso apagar! Apontando para a palavra “Droga”. Descrição dos resultados das ações O projeto rendeu muitas conquistas. A professora pode exercitar a democratização dos direitos das crianças, quando dedicou tempo para elas pensarem e exporem seus pensamentos sobre a escrita. As crianças tiveram a oportunidade de vivenciar situações cheias de sentido para ler e escrever espontaneamente. Desde o início do ano, as crianças tiveram contato com os nomes e puderam associar as letras do próprio nome com os dos colegas; localizavam o nome de um colega (ou o seu) na lista de alunos da classe e tiveram a oportunidade de confrontar suas ideias com as de outros colegas. Como as crianças tinham diferentes hipóteses sobre a escrita, opinavam acrescentando uma letra que faltava e podiam sugerir que o que ficaria melhor para ler em determinada situação. As crianças foram conquistando autonomia para buscarem as palavras estáveis de referência, para produzirem novas escritas. Nesse processo, os conhecimentos das crianças foram problematizados e suas hipóteses foram confrontadas com a escrita convencional. As rodas de conversa foram momentos importantes para que as crianças pudessem argumentar e votar sobre questões que estavam afetando a coletividade. Assim, surgiu a ideia da lista do ajudante do dia, um meio de escrever o nome próprio de forma significativa e que organizou a participação de todas as crianças na escrita no caderninho de chamada. A criação de contextos instigantes para as variadas formas de comunicação e expressão levou a um clima de confiança para que se sentissem seguras para testar suas hipóteses sem medo de serem ridicularizadas pelo adulto. A exploração dos números foi também um destaque neste trabalho. Seu uso se deu de forma significativa dentro de um contexto social, em que as crianças utilizaram os números na contagem dos presentes, ausentes; somaram para saber o total de presentes, etc. Compreender e considerar a escrita espontânea, deixando as crianças escreverem fora das amarras da cópia, exige a desconstrução das velhas concepções de ensino e aprendizagem, centradas no professor e nas tarefas prontas com letras isoladas sem desafio para as crianças. Essas convicções não estavam muito presentes nas falas das colegas ou dos pais, que pediam as tais “tarefinhas”. A professora organizou, então, um encontro que partiu das manifestações infantis, da explicitação do que gostavam de brincar, do que expressavam nas brincadeiras, dando visibilidade à linguagem das crianças por meios dos desenhos, escritas e de suas descobertas diante das boas intervenções; utilizou muitas imagens e fez comparações entre o ensino tradicional e aquele que valorizava o que as crianças sabem e que acredita em seu potencial. Mostrou também que as crianças têm diferentes hipóteses na tentativa de compreender o nosso sistema alfabético. Os pais foram entendendo que as crianças tinham seus direitos respeitados na escola e que a cultura infantil era valorizada. Muitos pais nunca tinham pensando nessa capacidade que as crianças possuem de refletirem sobre a escrita e sobre tantas outras coisas que há no mundo. O encontro favoreceu a abertura da comunicação de forma mais confiante entre pais e professora, permitindo uma cooperação expressiva e enriquecedora a favor do desenvolvimento das crianças. Nome da Instituição: CEI Direto Jardim Santa Teresa Responsável: Carla Soares Mota Função ou cargo que ocupa: Professora Equipe participante: Petrina A. Assis Cinoti, Valdira Ana Chaves da Rocha, Gabrielle Cilli de Sousa Manoel Categoria: Professor 2 - Investigações Infantis Município e Estado: São Paulo/SP Faixa etária atendida: 0 a 3 anos O que levou a realização da prática? (diagnóstico) O Currículo Integrador da Cidade, um documento de reorganização curricular, que nasceu de forma coletiva e participativa, tem por finalidade fortalecer a qualidade social do atendimento às crianças muito pequenas. Nele ficam evidentes as questões relativas à visibilidade dos bebês, já que por muitos anos eles não foram entendidos como sujeitos de suas aprendizagens, não sendo considerados em suas especificidades. Ser professora de bebês é estar sempre atenta às suas linguagens e ao que eles estão dizendo por meio de gestos, do movimento, do choro, das escolhas – toda forma de expressão. Dar voz, de maneira qualificada, tonou-se um o desafio. Até então, as ações eram pensadas e organizadas de forma a favorecer os adultos, dentro de rotinas pouco flexíveis e com um olhar de extrema proteção, o que era um limitador para os corpinhos carregado de potencialidades. Então, como dar voz aos bebês? O espaço se estruturava na contenção do corpo do bebê, com a intenção de mantê-los seguros. Desta foram, encontrava-se o uso inadequado do espaço, com muitos berços, TV, material pedagógico e atividades escolhidas pelos adultos e com objetivos definidos por eles, sem considerar as escolhas que os bebês são capazes de fazer. Descrição das intervenções que foram realizadas O espaço foi reorganizado com a retirada de berços, cadeirinhas de bebê conforto, pneus, calças com enchimentos, e tudo aquilo que limitava os movimentos. Deixaram de fazer uso da TV e começaram a ocupar outros lugares além da sala. Mudaram também a forma de escolha dos materiais e introduziram os materiais heurísticos no cotidiano, além de alterações na forma de apresentação e no tempo que dedicaram novas descobertas. Mudanças na rotina, principalmente no atendimento mais individualizado como: sono, troca e alimentação. Nesta última, buscou-se mais qualidade na relação adulto/ bebê, com um atendimento individualizado. Ou seja, um ou dois bebês para cada adulto, favorecendo a interação nesse momento tão importante. O sono passou a ser oferecido no decorrer da permanência da criança, sem horário pré-definido pelo adulto. Com relação aos momentos de troca, pensou-se em uma maior com interação. Aqui o adulto passa a falar sobre sua ação com o bebê o tempo todo, permitindo que o mesmo participe desse momento e fazendo pequenas escolhas, principalmente da posição corporal. Os adultos passam a realizar uma observação com mais foco nas ações que cada bebê realizava no espaço. Estudos sobre a abordagem da Emmi Pikler, contribuem para a valorização da ação dos bebês como protagonistas de suas escolhas; da independência da figura adulta que está em sua volta e a qualificação dos momentos de cuidados que são intencionais para o desenvolvimento da segurança afetiva. O cercado é colocado na sala com intencionalidade, pois faz parte da abordagem estudada e ajuda no processo da consciência corporal que cada bebê precisa passar. Não tem tempo certo de cada bebê no espaço, mas sim um processo de segurança emocional e desenvolvimento de suas habilidades motoras, que deve ser respeitado. Utiliza-se também a fotografia para dar voz aos bebês e visibilizá-los para as outras pessoas do espaço, família e comunidade. Com a liberdade dos movimentos e sem recursos de contenção de corpos, percebe-se uma consciência corporal muito maior, segurança em suas conquistas e predisposição para os novos desafios. Com a conquista de seus movimentos, a autonomia nas escolhas do que brincar, investigar ou até mesmo a escolha de não fazer nada. Tudo é permitido intencionalmente. A formação dos educadores envolvidos também foi um diferencial. Cada um procurou ler mais sobre o assunto e, nos momentos coletivos de formação, os temas envolvendo os bebês ficaram mais constantes. Ampliou-se o estudo para conhecer a abordagem Emmi Pikler. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido Sem objetos de contenção como os bebês conforto, calças com enchimento, pneus entre outros recursos que limitam o corpo, eles ganham espaço e possibilidades de aprendizagens. Com a observação atenta, aprendemos que os bebês se expressam em seus pequenos gestos e que são verdadeiros pesquisadores. Primeiro a pesquisa começa com o seu corpo, pés e mãos se tonam a brincadeira. Depois ele passa por novas descobertas quando rola, fica de bruços, volta para posição inicial e vai descobrindo seus limites. Há investigação com os objetos também, que são oferecidos de forma a auto estimular os movimentos, pois a curiosidade é uma ferramenta para o desenvolvimento de novas aprendizagens. Ver a relação que cada bebê tem com o objeto de sua escolha comprova o quanto são investigativos, potentes e cheios de competência e só precisam de oportunidades para despertá-las. Descrição dos resultados das ações A gestão está ampliando as diretrizes de trabalho para as demais turmas e há colaboração de outras pessoas para que as mudanças ocorram na rotina; cozinheiras e auxiliares de limpeza apoiam e os horários de alimentação se tornam mais flexíveis para que seja possível oferecer um atendimento mais individualizado. Dar visibilidade para o fazer dos bebês, valorizar cada um em sua individualidade, mesmo em um espaço coletivo; fazer uso de encontros com as famílias para a mudança de olhar para as aprendizagens, as competências e o desenvolvimento de seus filhos. Entender um pouco sobre a organização do espaço, rotina e como trabalhar em parceria; realizar uma acolhida diferente, em que cada família fica uma semana no espaço para conversar sobre a rotina do bebê em casa e sobre a importância da mudança de olhar para o fazer cotidiano na creche. Enfim, os resultados são percebidos nos sorrisos, no corpo livre e na autonomia que os bebês vivem no cotidiano. Nome da escola: CEI Vila Progresso Responsável pelo projeto/ação: Rosiane Dal Bello Bezerra Função: Coordenadora Pedagógica Município/Estado: São Paulo Faixa etária atendida: crianças de 0 a 3 anos de idade 1) O que levou à realização da prática? (diagnóstico) Fruto de escolhas que consideram o Projeto Político-Pedagógico da Unidade, as Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil e a parceria com a equipe do SESC Itaquera e o Instituto Avisa Lá, em 2017, o projeto propiciou junto às crianças e famílias ações significativas que tiveram continuidade no presente ano letivo. A análise e reflexão sobre as alternativas de um fazer pedagógico que se adequasse às necessidades das crianças, levou ao desenvolvimento de experiências onde bebês e crianças pequenas puderam explorar e interagir com a natureza nos tempos e espaços do CEI. A compreensão e legitimação dos modos como as crianças constroem conhecimentos acerca do mundo, dos objetos, dos elementos e fenômenos, permitiu conhecer e problematizar a relação que as crianças estabelecem com a natureza, com a cultura, com o mundo físico e social. A formação continuada dos profissionais aprofundou o olhar acerca da participação, autoria e envolvimento de todos os atores da pratica educativa – bebês, crianças, famílias e educadores – na valorização do meio natural, para criarem vivências livres apoiadas na observação, exploração, investigação e levantamento de hipóteses infantis. 2) Descrição das ações realizadas (experiências junto às crianças): • Criações, brincadeiras livres e atividades exploratórias com flores, sementes e gravetos; • Exploração da areia por meio de manipulações com utilização de suportes variados (funis, peneiras, forminhas); • Brincadeira de comidinha com diferentes misturas (água, areia, flores, folhas, sementes, terra) e utilização de diferentes suportes (coco, colher de pau, peneiras, potinhos); • Projeto com plantio e explorações sensoriais de ervas aromáticas no Berçário (hortelã, manjericão, alecrim); • Contemplação do elemento fogo por meio da apresentação de lanternas feitas com potes de alumínio furados com velas dentro e roda de música no parque em torno de uma fogueira; • Utilização de gravetos em explorações livres e como instrumento de pinturas diversas e como riscantes para desenhos no chão; • Pesquisa e coleta de folhas e gravetos do nosso entorno; • Experimentações com misturas de água e terra para apresentação de cores e texturas, manipulações e manifestação das expressividades artísticas com pintura; • Brincadeira com água em bacias, borrifadores e garrafinhas; • Plantio e acompanhamento de sementes como feijão, morangos, cebolinha, flores. 3) Descrição das ações realizadas (experiências e estudos formativos dos educadores): • Rodas de conversa com diagnóstico das ações e experiências já desenvolvidas na Unidade Escolar relacionadas à criança e natureza, levantamento das práticas em curso e da relação meio ambiente e saúde; • Brincadeiras com água, terra e areia e as explorações infantis; • Oficina de pesquisa e coleta de materiais naturais; • Oficina das tintas de terras colhidas de diferentes territórios; • Brincadeiras com plantas e flores / explorações infantis: o que as crianças produzem? • Roda de conversa com o tema: plantas, flores e frutas, o que as crianças • Oficina de Mandalas; • Brincando com o fogo e as explorações infantis; • Roda de conversa com o tema “Pássaros e outros bichos: como as crianças os veem?” • Projeto Horta com pesquisas sobre plantio e colheita; 4) Descrição dos fazeres e saberes infantis que emergiram no trabalho desenvolvido: Ao observar e explorar os elementos da natureza e suas relações, bem como os fenômenos naturais, as crianças puderam expressar sua curiosidade pelo mundo, despertando o interesse e cuidado pelo meio ambiente, bem como, construindo um sentimento de pertencimento e respeito para com todos os seres (humanos e não-humanos). Dentre todos os saberes e fazeres que emergiram, os mais significativos estão relacionados à percepção de adultos e crianças, de que há muitas possibilidades do brincar para além da caixa de brinquedos industrializados convencionais, sempre presentes nas instituições de Educação Infantil. Os elementos da natureza foram utilizados por bebês e crianças em uma ação lúdica e criativa; crianças puderam expressar seus aprendizados e sentimentos, trabalhando com criatividade e liberdade. O atrativo estético que estes elementos conferem ao brincar, levaram as crianças a terem mais espaço para suas individualidades, fazendo escolhas e respeitando a diversidade, no processo de constituição da própria identidade e autonomia. 5) Descrição dos resultados da ação: Durante este percurso, educadores e crianças construíram novos conhecimentos, valores e atitudes de respeito e proteção à natureza, buscando estratégias de aproximação aos seus elementos. Os elementos da natureza serviram de suporte para que as crianças pequenas fossem desafiadas a buscar soluções, sem a antecipação dos adultos, sendo, desta forma, respeitadas em seu tempo para se apropriarem das possibilidades de cada material. A organização de cenários que estimulavam as interações (entre crianças e entre adultos e crianças) e o dimensionamento, no tempo e no espaço, das áreas para experiências lúdicas, propiciaram às crianças pequenas o direito de desenvolver sua identidade e percepções de mundo pelo prazer e pela curiosidade. Os profissionais também ampliaram a criatividade no preparo de espaços, objetos, brinquedos e brincadeiras, incluindo diferentes elementos para a exploração e a pesquisa infantil. Criaram estratégias mais significativas para a elaboração dos registros que compõe a documentação pedagógica com vistas ao planejamento, em um percurso de vivências coletivas. Educadores envolvidos no projeto:
Brincadarte, aproximações entre o Brincar e a Arte na construção do currículo da Educação Infantil15/3/2019 Instituição: EMEI Chácara Sonho Azul Responsável: Antonio Norberto Martins Cargo: Diretor de Escola Município: São Paulo (SP) Faixa Etária Atendida: Quatro a cinco anos Categoria: Formando para a Mudança O que levou a realização da prática? (diagnóstico) Em fevereiro de 2012 a equipe gestora iniciou o trabalho na EMEI ouvindo todos os trabalhadores, educadores da escola e os pais para fazer um diagnóstico sobre a realidade da unidade escolar, uma vez que éramos nós as novas integrantes. As crianças também foram ouvidas nesse processo. Assim, o projeto partiu de uma escuta sensível, buscando a autonomia e autoria das crianças e construindo com elas formas de tornar a escola mais bonita, aconchegante e brincante, construindo espaços e tempos significativos para todos. Como não bastava só ouvir as crianças, mas atrelar o que se ouvia à criação de tempos e espaços para que elas pudessem viver as infâncias, ampliando suas realidades sociais, culturais e humanas, o objetivo era incluir as crianças na participação da gestão democrática da escola, contribuindo para o diálogo entre elas e os adultos, respeitando a cultura infantil e fomentando a autoria na tomada de decisões sobre assuntos de interesse da escola e do entorno. As crianças mostraram o que faltava para o uso dos espaços e materiais. Por exemplo, não queriam a “hora do sono” e gostariam de usar a quadra, os espaços de terra que as professoras não deixavam, entre outros desejos. Ao considerarmos a importância de criar mecanismos e estratégias para dar relevância à voz das crianças no cotidiano da educação infantil, e ainda, considerando a necessidade de encontrar soluções para um diálogo cada vez maior entre crianças e adultos, escolhemos o caminho da constituição do Conselho de Crianças; No Conselho as crianças são motivadas a refletir, levantar hipótese, pesquisar, tirar conclusões, ampliar o conhecimento e avaliar o que observam e constroem sobre o mundo. Intervenções Realizadas Para compor o Conselho formam escolhidos, pelas próprias crianças, dois representantes por sala: um menino e uma menina (para garantir a questão de gênero); um escolhido pelas crianças e outro pela professora. Após várias reflexões sobre como garantir uma pergunta que abarcasse a visão das crianças sobre os tempos e espaços da escola, lançamos duas questões para discussão:" O que você gosta na escola?" e “O que você não gosta na escola?” As discussões no Conselho acontecem em uma assembleia e uma reunião mensais. Os representantes levam as discussões para as salas e no mês seguinte trazem a devolutiva e os registros por meio de várias linguagens (desenho, colagem, pintura, escrita). Nas reuniões de Conselho, cada representante socializa o que trouxe e discutimos sobre a temática proposta. Partindo dos diversos pontos de vista, apontamos encaminhamentos que são levados ao Conselho de Escola dos adultos e são debatidos em igual importância aos temas levantados por pais e educadores. Desta forma, construímos, todos juntos, uma rotina que contempla as necessidades das crianças e atende às suas sugestões. Descrição dos saberes e fazeres infantis Os pequenos provaram para os adultos que eram capazes de, por exemplo, subirem em árvores. Os pais e educadores ficaram reticentes e queriam delimitar quais árvores poderiam ser escaladas e novamente as crianças apontaram a solução: "Subimos até onde der". A Organização do espaço a partir das indicações das crianças e não das necessidades e da ótica dos adultos foi nossa meta em 2013. Discutimos o uso das verbas: o que comprar, para quê e, desde aquela época, destinamos uma porcentagem da verba para a aquisição das prioridades definidas pelo Conselho de Crianças (opinam sobre as festas, passeios, estudo do meio e resoluções dos problemas do cotidiano: conflitos, alimentação, projetos, entre outros). Em 2014, projetaram um campo de futebol de areia que foi construído de acordo com o projeto das crianças e com arquibancadas. Ganhamos algumas casinhas de entrar dentro e os adultos queriam colocar uma em cada parque e as crianças ficaram indignadas: “vamos colocar uma do lado da outra para brincar de vizinho” e quando chegou a terceira casinha:” agora vai ser uma vila”! Os adultos jamais teriam a percepção das crianças, porque a ótica é outra, com outra complexidade. Em 2015, as crianças começaram a perceber o entorno: nas saídas para ir à feira e a um clube próximo, observaram que não havia lixeiras pelo quarteirão, além de farol e faixa de segurança para atravessar a rua; as árvores precisavam de poda, pois estavam caindo na calçada e interrompendo a passagem dos pedestres. Levaram a questão para o Conselho e após muita discussão, chegaram à conclusão de que deveriam falar com o prefeito. Foram atendidas pelo subprefeito da região que, além de ouvir as crianças, compareceu à escola para conhecer nosso Projeto. Depois de um tempo, um mutirão da Subprefeitura colocou lixeiras, podou o mato e as árvores, colocou sinalização. As crianças ficaram felicíssimas e os adultos também, pois já fazia tempo que cobrávamos essas solicitações. Em 2016, continuamos com nosso Conselho discutindo com as crianças o nosso cotidiano; resolvendo problemas, tratando de assuntos sérios como a questão de gênero por exemplo. Alguns pais não queriam que os meninos brincassem de boneca e as meninas de carrinho e eles mostraram que os pais cuidam dos filhos e as mães dirigem carros. Simples assim! Como simples são as respostas das crianças, mas de uma enorme sabedoria. Resultados da ação A expansão das possibilidades de participação no mundo social é nossa tarefa primeira, pois ser humano e ser social significa ser sujeito de escolhas e isso se constrói na tomada de consciência sobre o que se faz. O investimento nos pequenos os torna agentes transformadores de si e do mundo ao seu redor. Nosso Projeto inseriu a criança na construção de espaços e tempos educadores, onde a infância pode ser vivida, enriquecida, compartilhada. Semestralmente fazemos uma avaliação dos avanços e conquistas do Conselho de Escola e Conselho de Crianças, mas na verdade o avanço é notório nos espaços e nas relações. Todas as pessoas que visitam nossa escola relatam sobre como a escola tem "cara de criança", sem ser infantil, como o espaço respeita o tempo da infância. Dar voz às crianças não é apenas permitir que elas falem, é reconhecer o que falam e que suas vozes possuem extrema importância. A maneira como sentem e veem o mundo ressignifica a visão do adulto e dá credibilidade para o que apontam. Nesses cinco anos, em que estamos desenvolvendo o projeto dos Pequenos Conselheiros, nossa escola ficou mais colorida, alegre, com crianças mais felizes, questionadoras e críticas. Notamos, também, mudança na postura dos adultos que passaram a valorizar o protagonismo infantil. O que levou a realização da prática? (diagnóstico)Mudanças não acontecem da noite para o dia. Assumi a direção da escola em 2006; quando cheguei verifiquei que tinham práticas muito boas e outras que necessitavam de mudanças. Por outro lado, eu também precisava conhecer melhor a realidade da educação infantil, pois a minha experiência anterior estava associada ao ensino fundamental, médio e universitário. Dessa forma, o primeiro ano na escola foi de aprendizado e observação. De forma geral, apresento alguns aspectos que desencadearam e constituíram o Brincadarte: • A brincadeira era algo contida, resultado do enfoque disciplinador que ocorria nas salas e influenciada pelo ensino fundamental. • A gestão da escola era focada no administrativo. Esse contexto me levou a um trabalho com o grupo: Discussões que possibilitaram um trabalho coletivo e o hábito de compartilhar as experiências. Comprometidos todos com formações na escola, focadas nos conceitos do Brincar e na História da arte. Essas ações promoveram as primeiras mudanças e a necessidade de continuidade das reflexões sobre a infância e a educação infantil. Os Referenciais da Educação Infantil da Prefeitura Municipal de São Paulo, o projeto de formação Rede em Rede da PMSP também são referências que apoiaram esse projeto Intervenções Realizadas Em relação às intervenções e ações, o Brincadarte faz parte da continuidade de um projeto de formação de professores. Começamos investindo na formação local, compreendendo o que é o Brincar e depois os conceitos ligados à Arte. Dessa forma, as linguagens artísticas passaram a fazer parte da prática pedagógica. Paralelo a isso, passamos a trabalhar com o entendimento de “território educativo” o que possibilitou aos professores pensarem mais sobre a cultural local e os problemas da região. Essa ideia de “território educativo” levou à compreensão do papel da cidade em seu potencial educativo. Aos poucos, essas perspectivas teóricas orientaram as mudanças que foram introduzidas na EMEI, passo aqui a enumerá-las: 1. No refeitório passamos a servir as refeições na mesa, introduzimos pratos de vidro, tigelas, saladeiras para que as crianças aprendam a compartilhar a comida e autonomia para se servir. 2. Introdução de aulas-passeios: visita à feira, museus, parques e teatro. 3. Reuniões com os demais funcionários da escola para esclarecimento das propostas educativas e torná-los parceiros nas ações pedagógicas; 4. Convite a formadores e artistas para discussões e apresentações na EMEI; 5. Envolvimento nas questões locais e articulação com suas lideranças; 6. Construção de um ateliê e uma horta em dois espaços ociosos, além de um parque sonoro a partir da utilização de sucatas. Esses instrumentos foram distribuídos por todo o espaço da escola que em conjunto com outras paredes, proporcionam experiências sonoras e exposição de trabalhos e fotos das atividades criando um ambiente educativo que extrapola a sala de aula (se é que podemos chamá-la assim na educação infantil). Descrição dos saberes e fazeres infantis O Brincadarte é essa construção que está em desenvolvimento. Neste sentido, coloco a seguinte equação que resume o projeto: Brincar+Arte = Brincadarte. Os professores estudam e pensam ações que envolvam o Brincar e a Arte, como também ações simultâneas do Brincar e da Arte. Tem momentos que são propostas brincadeiras para as crianças, sendo que estas também têm liberdade para criar; outras vezes, são propostas atividades que necessitam da utilização das linguagens artísticas, nestas são sugeridos diferentes materiais e instrumentos; finalmente atividades que envolvem simultaneamente o Brincar e a Arte. Tudo isso acontece de forma planejada no coletivo sem que os professores ajam de forma uniforme. Resultados da ação A criança sente-se bem no espaço educativo, desenvolve autonomia para ser protagonista. Para isso a escola tem que respeitar os Direitos das Crianças, percebê-las como sujeitos de Direito. Um deles é o Direito de Brincar, não tem como o Brincar não ser a principal atividade na Educação Infantil, constituindo-se assim num dos eixos do currículo. O Brincar mais a Arte possibilitam a emersão da criatividade, algo que é inerente à criança, e que é, muitas vezes, sufocado em nossa sociedade. Nome do Projeto: Do meu nariz cuido eu Responsável: Maria Lúcia do Nascimento, Liazita Goetz (coordenação Elza Corsi) Instituição: Creche Mão Cooperadora Faixa etária atendida: 2 a 3 anos Descrição da prática e resultados: Mensalmente eram observados casos de crianças que adoeciam; os resfriados, amidalites, gripes eram constantes e por mais que as educadoras cuidassem o quadro não se alterava, pois, cuidar de uma criança não significa apenas realizar ações por ela, mas permitir e dar condições para que ela adquira maior autonomia no cuidado de si mesma.
Assim surgiu um projeto que objetivou a construção de hábitos e aprendizagem de procedimentos de higiene e cuidado pessoal, propondo ao educador que considerasse a necessidade de que a própria criança limpasse seu nariz. Para possibilitar essa aprendizagem era necessário apoiar a criança nos procedimentos adequados para higienizar seu nariz e também que o papel higiênico ficasse sempre disponível e ao alcance das crianças, bem como o acesso ao espelho e às torneiras para que pudessem lavar as mãos depois. A dificuldade dos educadores que, à princípio, não acreditavam que as crianças fossem capazes de realizar o procedimento sozinhas, foi superada pela capacidade demonstrada pelas próprias crianças. O projeto teve resultados bastante animadores, pois além da diminuição nos casos de coriza, agora toda criança cuida do próprio nariz com mais higiene, segurança e autonomia. OBS. : Mais informações sobre essa experiência, você encontra na Revista avisa lá nº 10 (abril/2002). Nome da Instituição: Escola Municipal Profª. Anna Mantovani de Andrade Responsável: Eliani Ragonha Função ou cargo que ocupa: Coordenadora pedagógica Município e Estado: São José do Rio Preto / SP Faixa etária atendida: 4 a 5 anos Categoria: Gestão 2: Formando para a mudança O que levou a realização da prática? (diagnóstico) O planejamento de atividades de artes era limitado. As práticas eram focadas na cópia do modelo do adulto - completar dobraduras, pintar desenhos prontos (xerocados), utilizar desenhos prontos (xerocados) em cartazes, materiais informativos, jogos, carimbar mãozinhas e completar com desenhos de acordo com a comanda do professor. A autonomia das crianças, sua criatividade, sua espontaneidade, faziam parte da maioria dos discursos dos educadores. Mas nas práticas cotidianas havia uma relação de autoridade no ensino e de busca de passividade na aprendizagem. Da mesma forma os pais, familiares e comunidade não conheciam e não participavam das discussões sobre o Currículo da Educação Infantil. Descrição das intervenções que foram realizadasA coordenadora realizou uma série de reuniões com as famílias e com os professores; apresentou propostas para o trabalho na educação infantil, orientadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil\2009 e realizou um processo de formação dos professores. Nele priorizou a discussão das práticas à luz de estudos teóricos, de forma provocativa e com boas perguntas e reflexões. O processo com os professores foi de muito estudo, com leituras importantes e planejamentos para pensar em como tornar possível as propostas. A realização coletiva de sequências de atividade contribuiu para o grupo pensar sobre a produção gráfica. Nessas sequências didáticas discutiram propostas para apresentar diferentes suportes, meios e instrumentos para o desenho das crianças. Esse trabalho tornou possível observar as produções das crianças e realizar propostas de apreciação das produções de artistas famosos, de artistas locais e das próprias crianças. Com a continuidade dos estudos, o desenho do corpo humano (outra sequência criada pelo grupo) possibilitou observar e compartilhar as produções das crianças e deixar os professores admirados com detalhes que não haviam percebido antes dos estudos. E oficinas de criação começaram a fazer parte da rotina semanal das turmas. Como estavam bem entusiasmados com todos esses estudos e temas, aproveitaram tudo o que já havíamos vivido até então e, assim, começaram a envolver os familiares nessa caminhada. Na Festa da Família, convidaram os pais para pintarem o muro da escola com seus filhos. Com materiais variados (lápis grafite com diversos tons de cinza, tinta aquarela, lápis de cor aquarelável, carvão vegetal em forma de bastão, jogo de pincéis atômicos de diversas cores, giz pastel oleoso) iniciou-se a participação dos pais. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido As crianças estão mais envolvidas com as propostas. Ficam curiosas e interessadas em saber quais materiais serão disponibilizados para as suas produções. Demonstram alegria em participar de atividades como a de desenho na lousa de azulejo da escola; em poder escolher os materiais que querem nas oficinas de criação; em experimentar os diversos materiais. Ficam mais tempo concentradas na realização de suas produções. “Vou fazer uma ponte nela. Lembra daquela casinha que eu caí no parque? Então, vou fazer uma ponte nela.” (Pietro – 5 anos – turma do integral) “No meu desenho tem um monte de parque, verde...” (Enzo – 4 anos – turma do integral) “Vou usar muitos materiais pra ficar diferente e divertido.” (Felipe – numa oficina de criação – 3 anos – Maternal tarde) “Já sei desenhar tudo!” (Manuelle – 4 anos – Maternal manhã) “Posso desenhar o que quiser!” (Enzo – 4 anos – Maternal manhã) Descrição dos resultados das ações As trocas entre os professores aumentaram ao longo do tempo e eles se encantam, a cada dia, com as produções infantis, oferecendo novas possibilidades para a criação.
Os desenhos das crianças, passaram a conter mais detalhes: olhos com cílios, cabelos de comprimentos, “cortes” e penteados diferentes, roupas com mais detalhes. Os resultados surpreendentes deram uma “nova roupagem” para as atividades desconexas e repetitivas de outrora. Nome da Instituição: Escola Municipal de Educação Infantil Beija Flor Responsável: Adriana Silva da Costa Vidaletti Função ou cargo que ocupa: professora Equipe participante: Tatiane Câmara e Karina Barbosa Município e Estado: Canoas/Rio Grande do Sul Faixa etária atendida: 2 a 4 anos e 10 meses Categoria: Professor 2: Passei a valorizar e expor as produções infantis O que levou a realização da prática? (diagnóstico) A rotina de brincadeiras era empobrecida. A presença de apenas brinquedos prontos, estereotipados, de materiais industrializados como o plástico, por exemplo, não oferecia oportunidades diversificadas de exploração por parte das crianças. A observação atenta da professora, por outro lado, revelou como as crianças se relacionavam com o ambiente externo e o que despertava sua curiosidade. A turma era multi-idade e, apesar das diferenças etárias, algo as conectava: a natureza - folhas secas, pedras, terra, areia, água e pequenos gravetos eram elementos que chamavam a atenção das crianças. Descrição das intervenções que foram realizadas A professora deu início a uma ação para ampliar as possibilidades do brincar, investigando, com as crianças, e a vida ali existente: os tipos de árvores, e outros seres vivos como minhocas, formigas e borboletas. A cada ida ao espaço externo acontecia uma nova descoberta. Os brinquedos plásticos foram dando espaço aos elementos naturais. As crianças saiam do parque da escola para a sala de referência e os objetos coletados viravam objeto de pesquisa, observação e produção de arte. Ao longo do trabalho os elementos naturais serviram para produzir tintas como areia com cola, tinta de beterraba, açafrão e carvão. Esse trabalho despertou um trabalho sobre o cuidado com os espaços comuns da escola, entre outros. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido Na produção de telas coletivas com carvão algumas crianças questionaram: "Nós vamos fazer churrasco?", surpresos por utilizá-lo com outra finalidade, demonstraram profundo interesse em descobrir como imprimir suas marcas no papel. Foi organizada uma exposição com suas produções, momento em que elas mostravam outras produções feitas com areia, cola, tinta e corante alimentício, que ocuparam os corredores da escola. Constatações feitas pelo grupo e explicitadas durante rodas de conversa demonstra a riqueza dos pensamentos infantis: "Prof., eu contei lá em casa que a natureza é muito grande. Ela é tão maravilhosa que pode ser até brinquedo. Eu disse prá minha mãe que até as pedrinhas são da natureza e dá pra fazer coisas muito diferentes com ela". Ou ainda, na praça, um grupo de meninas brincava com folhas secas e ao pegar uma grande quantidade na mão, deram-se conta do barulho que as folhas produziam. Encantadas com o resultado, uma delas falou: "Olha profe., as folhas secas fazem barulho, as verdinhas não. Parece que elas estão falando". Professora e crianças estão descobrindo novas possibilidades juntos, ao longo desta caminhada. E ainda... “Essa é a árvore de fruta da praça da escola. O lobo, que se esconde na floresta, sabe que as árvores da praça são iguais ao lugar onde ele mora. A gente brinca lá de se esconder enquanto o lobo não vem”. (Milena, 4 anos, fala enquanto brincava embaixo da jabuticabeira). Ao desenhar, Sofia, 4 anos, falou: “Tá ficando quente e a gente vai na praia ver a natureza diferente da escola”. “Eu vou mostrar pra minha mãe que as folhas da árvore podem ser pincel. Eu vou fazer um monte desses lá em casa”. Yasmin, 4 anos, ao se referir aos pincéis naturais que confeccionaram. Descrição dos resultados das ações A proposta está rompendo com os muros escolares e ganhando espaço para outros olhares. Na semana Municipal da Educação Infantil de Canoas (de 25 a 31 de agosto), a escola promoveu uma exposição em uma cafeteria da cidade para divulgar o trabalho das crianças com os elementos naturais. Inscreveram também o projeto pela página no Facebook, "Ser criança é Natural", do instituto Romã (SP) e estão participando da "Caixa da Natureza". Nessa ação os grupos de crianças trocam caixas com coleções de elementos naturais, envolvendo as famílias e coletando pequenas histórias, poesias e objetos naturais para compartilhar. Em breve enviarão, pelo correio, a caixa para crianças de São Paulo e receberão outra de algum lugar que ainda não sabem qual é. Com tudo isso estão percebendo que a exploração do espaço natural e a convivência e estão modificando-se e estabelecendo outras formas de aprendizagem e de compartilhamento de saberes. Nome da Instituição: EMEI Dona Maria de Lourdes Coutinho Torres Responsável: Sirlene Socorro da Dalto de Souza Função ou cargo que ocupa: Professora Equipe participante: Lindalva Isabel da Silva Borges Anadelia Silva Picolo Cassia Monteiro de Oliveira Município e Estado: São Paulo/São Paulo Faixa etária atendida: 4 e 5 anos O que levou a realização da prática? (diagnóstico) Este projeto surgiu do olhar observador e curioso das crianças ao notarem que havia uma “abelha” construindo sua colmeia no telhado de um dos brinquedos do parque. Os questionamentos e hipóteses emergiam vivamente em seus diálogos no parque, enquanto observavam o pequeno inseto trabalhar na construção da colmeia. Ao dar ouvidos a essas vozes começaram a surgir propostas de pesquisas, investigações e vivências, onde as crianças foram assumindo a autoria de todo processo e transformando seus saberes em conhecimento científico. Descrição das intervenções que foram realizadas Por meio de questionamentos, pesquisas e descobertas as crianças foram assumindo a autoria do processo de construção de conhecimento e decidiram apresentá-lo as outras turmas, que por sua vez, também compartilharam suas aprendizagens, criando uma grande "teia de saberes e conhecimentos”. Uma ação que começou com uma simples observação da construção de uma colmeia, ampliou-se para pesquisas sobre os pequenos frutos de uma palmeira do parque chamada “Jerivá” que produz pequenas flores e que fornecem néctar para as abelhas produzirem o mel. Nesse processo, de constante questionamento sobre tudo que iam encontrando ao seu redor, as crianças quiseram saber mais também sobre os grilos que encontravam constantemente pelas áreas externas da EMEI, ampliando ainda mais seus conhecimentos. A escola fez parceiras com entidades da região para enriquecer as pesquisas as crianças, como com o grupo “Paleontos”, que levou para a EMEI a exposição “Mundo Artrópode”, com um acervo de mais de cem insetos e aracnídeos embalsamados e réplicas em tamanho real. E ainda, o contato com a ONG "Abelhas sem Ferrão" que subsidiou o grupo com informações e sugestões de pesquisa. O projeto culminou em uma exposição para toda a comunidade escolar. Neste dia, foram expostas fotos registradas pelo olhar infantil e suas produções. A ideia desse evento foi a valorização dos saberes e conhecimentos infantis, por isso, as crianças foram convidadas a usar o microfone, disponível para quem quisesse falar sobre o que “sabia e/ou conhecia sobre a natureza e seus pequenos bichinhos”. Não foi preciso ensaio, nem falas decoradas, pois as crianças tinham muito a falar e compartilhar. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido Durante todo o projeto as crianças eram convidadas a fazer os registros de suas hipóteses e constatações através de desenhos de imaginação, observação, modelagem, instalações, utilizando como recursos os mais diferentes materiais que iam desde recursos gráficos (papel, lápis, giz de cera, canetinha, tinta) até recursos naturais (gravetos, folhas secas, sementes etc), pois desenvolveram o hábito de recolhê-los quando exploravam as áreas externas. Ao descreverem seus desenhos e produções as crianças expunham os conhecimentos construídos sobre o pequeno inseto: “Essa abelhinha está de barriga cheia, pois acabou de chupar muito néctar de uma flor... Está tudo no ‘estomiguinho’ (referindo-se ao estômago) dela” (descreveu a pequena Alice) “As abelhas são insetos, então eu fiz seis patinhas para ela” (disse Julia) As crianças tiveram a oportunidade de saborear e sentir o cheiro do mel, e de realizar uma receita de bolo de pão de mel, percebendo as quantidades e os processos químicos que envolvem a culinária. Enquanto esperavam o bolo assar, as crianças se mostraram bem ansiosas. Até que a pequena Kauani sugeriu: “Que tal a gente fazer uma festa para quando o bolo ficar pronto?”. A ideia foi acolhida pela turma e pela professora que organizou junto com as crianças o espaço e a decoração da “festa” usando os matérias do kit de brincadeiras de ”faz de conta” que faz parte do acervo de brinquedos da sala. Assim, quando o bolo ficou pronto, as crianças brincaram de celebrar fazendo uma festa e se deliciando com a receita executada. Quando encontraram no parque pequenos frutos, a curiosidade das crianças levou a conversa. que segue: “Essas frutinhas são mangas... eu vou levar para casa e esperar crescer para comer” (afirmou a pequena Laisa ao recolher os misteriosos frutos) “Não são mangas... eles não vão crescer, porque são coquinhos” (disse com muita convicção a Sophya). Durante o processo de pesquisa, descobriram também que antes de produzir esses frutos, o jerivá produz pequenas flores que são muito procuradas pelas abelhas para retirada de néctar. Relacionaram essa informação à explicação que os colegas da outra turma deram sobre as abelhas: “Então é por isso que tem as abelhinhas no parque, porque elas tiravam o néctar das florezinhas do jerivá” (disse Pamela) Para compartilhar tudo o que aprenderam, as crianças confeccionaram um painel sobre o jerivá, utilizando tinta, colagens de fotos e desenhos feitos por elas de diferentes insetos e pássaros, ilustrando a biodiversidade do parque da escola. Descrição dos resultados das ações Com esse trabalho as crianças tornaram-se protagonistas de sua própria aprendizagem, ampliaram seus conhecimentos e continuam a se encantar a cada descoberta. Sentem-se cada vez mais a vontade para compartilhar tudo o que aprendem. As famílias têm se mostrado mais participativas, valorizando as descobertas infantis e as incentivando por meio de pesquisas feitas em casa e enviadas à escola. Quanto às educadoras, para além do encantamento com esse trabalho, aprenderam muito sobre o “fazer pedagógico”, no que se refere à qualificação de suas práticas e à importância da escuta das crianças. Perceberam também como é importante e enriquecedor estabelecer parcerias, que podem dar suporte e enriquecer o trabalho. Percebem como muito importante as reflexões e discussões que realizam sobre os ODS (Objetivos de desenvolvimento Sustentável) para ampliar o contato das crianças com a natureza, de forma que elas possam compartilhar seus saberes e transformá-los em conhecimentos para uma vida sustentável, na redução das desigualdades e sobretudo preservando e utilizando, de forma consciente, os recursos naturais e garantindo assim, os direitos das futuras gerações Nome da Instituição: CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL LUIZ VARGAS Responsável: JULIANA DOROW GIRARDI Função ou cargo que ocupa: professora Equipe participante: coordenadora e zelador Município e Estado: Blumenau/ Santa Catarina Faixa etária atendida: 4 e 5 anos Categoria: Professor 1: Passei a ouvir, observar e conhecer mais as crianças O que levou a realização da prática? (diagnóstico) O projeto surgiu a partir do interesse e curiosidade das crianças pelos insetos. Em roda de conversa o grupo pediu para estudarem as formigas e, assim, foram surgindo as primeiras perguntas e curiosidades. Como vivem as formigas? As formigas comem folhas? Elas têm veneno? Como é dentro do formigueiro? Porque elas andam umas atrás das outras? Podemos fazer um formigueiro? Descrição das intervenções que foram realizadas A professora realizou um passeio com as crianças, no espaço externo do Cei, para procurarem formigas e logo que as encontraram, resolveram segui-las para ver onde iriam. Descobriram que elas iam para um formigueiro, num canteiro de grama. As crianças viram que algumas formigas estavam carregando pequenos pedaços de folhas de grama. Daí muito mais curiosidades e dúvidas surgiram. Com a ajuda do zelador, coletaram algumas formigas e colocaram em um vidro com um pouco de barro do canteiro. Por meio de pesquisas descobriram que se tratava da formiga de fogo. Por meio de vídeos e pesquisas referentes fizeram várias descobertas, como, por exemplo, a importância das formigas para o meio ambiente; que vivem em sociedade, como funciona o formigueiro, como elas se alimentam, o que comem, como se comunicam. A curiosidade das crianças ia além e, então, resolveram, em roda de conversa, voltarem ao formigueiro para coletarem mais formigas e acharam a “formiga rainha”, alguns ovos e larvas. Colocaram no vidro “formigueiro” e acrescentaram areia. Conforme os dias iam passando, as crianças iam observando o formigueiro e cuidando das formigas. Observaram os caminhos (túneis) que as formigas construíam através do vidro. As crianças observaram o formigueiro todos os dias, colocavam comida para as formigas e algodão molhado em água para manter úmido o formigueiro. “Era encantador ver os olhinhos brilharem ao observarem o formigueiro com tanta curiosidade e satisfação ao ver o desenvolvimento do formigueiro. Através de vídeos descobrimos que poderíamos fazer um formigueiro diferente com potes e mangueiras. E assim surgiu o nosso segundo formigueiro”, diz a professora. Uma criança sugeriu procurarem fora do CEI outros tipos de formigas. No passeio pelo bairro encontraram um formigueiro grande e bem diferente do que conheciam; as formigas eram maiores e tinham a cabeça avermelhada. Coletaram algumas formigas para pesquisarem a espécie encontrada e descobriram que se tratava de formiga saúva. O zelador ajudou a fazer um formigueiro, por se tratar de um formigueiro muito grande. Convidaram também uma bióloga para responder algumas das perguntas das crianças e falar sobre as formigas. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido Como as formigas encontradas fora do CEI eram maiores do que as anteriormente encontradas, as crianças acreditavam que elas precisavam de uma “casa” maior. A partir daí algumas dúvidas surgiram. “Será que nosso formigueiro vai dar certo, sem a formiga rainha?” “Será que podemos juntar essas formigas com a formiga de fogo?” “Será que as formigas vão escolher outra formiga pra ser a rainha?” “Será que elas vão se dividir e formar duas colônias? Já que nesse formigueiro tem dois potes com areia e barro”. E assim continuamos a observar os formigueiros diariamente e pesquisando conforme as dúvidas iam surgindo. Descrição dos resultados das ações Através das pesquisas e vivências no decorrer do projeto, as crianças puderam entender como vivem as formigas e a importância que esses insetos têm para o meio ambiente. Descobriram que a formiga é o único inseto no reino animal que “recicla” o seu lixo, ou seja, elas criam no formigueiro um aterro sanitário onde descartam restos de alimentos e formigas mortas. Descobriram também que a formiga não come folhas e sim fungos e, ainda, que a formiga macho não trabalha. Com a ajuda das famílias, as crianças pesquisaram outras espécies de formigas e confeccionaram uma formiga com materiais alternativos. Em sala modelaram formigas com argila e massa de biscuit. As crianças demonstraram muito interesse em reproduzir através da escrita espontânea palavras referentes ao projeto. Trabalharam com histórias infantis relacionadas, textos coletivos e assistiram filmes sobre formigas. O interesse das crianças pelas formigas era tão evidente e encantador que os pais relatavam, que em casa, elas davam aulas sobre formigas. O projeto foi finalizado em parte, pois os formigueiros continuam em sala sendo acompanhado pelas crianças para o observar seu desenvolvimento ( de vez em quando uma criança chama porque notou alguma mudança no formigueiro ou faz alguma fala referente à formiga, mesmo já trabalhando em outro projeto). Foi realizada uma exposição no hall de entrada do CEI, sobre o “Fantástico mundo das formigas”. Nome da Instituição: Escola Municipal Fundamental Davi Canabarro Responsável: Suelen Suckel Celestino Função ou cargo que ocupa: Equipe participante: Coordenadora Lidiani Cavineto Dall’Osto Município e Estado: Ijuí/RS Faixa etária atendida: 4 e 5 anos Categoria: Gestão 1: Como favorecemos o protagonismo infantil O que levou a realização da prática? (diagnóstico) As crianças encontraram um louva-a-deus na pracinha e, nesse instante, começou um alvoroço, pois toas as crianças queriam vê-lo e faziam afirmações, tais como: “Ele é venenoso!”, “Ele morde!”, “Tomem cuidado!”. No entanto, outras crianças discordaram e chamaram a professora, relatando: “Ele nem é venenoso nada, né profe”. A professora sugeriu a realização de uma pesquisa para descobrir se o animal era perigoso ou não. Descrição das intervenções que foram realizadas Depois de colocarem o inseto em um pote, pesquisaram na internet, por meio do notebook da escola para responder à dúvida das crianças e acabaram descobrindo que o louva-a-deus é um inseto agressivo e um ótimo caçador, mas não possui veneno, nem representa perigo para os humanos. Pesquisa finalizada, questionou-se as crianças sobre o que faríamos com o inseto e eles decidiram soltá-lo, devolvendo-o para a árvore de onde ele veio. Ao observarem o louva-a-deus em seu habitat, as crianças concluíram que ele se camufla, pois, ao chegar perto das folhas da árvore, ficava difícil identificá-lo e diferenciá-lo das folhas. Uma menina da turma pediu: “Profe, podemos estudar o louva-a-deus?”. No mesmo instante, um menino que ouvia a conversa interviu: “já sei, podemos pesquisar se ele tem papai e mamãe!”. Percebendo o interesse das crianças e o empenho em pensar questões para continuar nossa pesquisa, a educadora aceitou o desafio, e juntamente com as crianças embarcou em um projeto de pesquisa, que renderia muitas aprendizagens e descobertas. Realizaram pesquisas em diferentes fontes (internet, livros de ciências, com a família em casa, conversa com uma bióloga, visita a um laboratório da universidade da cidade), e a cada pesquisa realizada registravam as descobertas. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido As questões das crianças continuavam: O QUE UM ANIMAL PRECISA PARA SER UM INSETO? Descobriram que ele tem três pares de pernas e corpo dividido em cabeça, tórax e abdômen. Descobriram também que, apesar de ter aparentemente dois olhos, na realidade ele tem cinco. Além dos dois olhos visíveis, ele tem mais três olhos perto das antenas. Ao realizar esta descoberta as crianças ficaram curiosas para saber se ele tem ouvido ou se ele utiliza as antenas para escutar. Para descobrir a utilidade das antenas, mandamos de tema de casa uma pesquisa para ser realizada com as famílias. No dia combinado as pesquisas retornaram para a escola e as crianças compartilharam com os colegas a descoberta realizada com a família. Um dos alunos trouxe o fato de que: "A antena serve para acariciar o louva-a-deus enquanto eles namoram". Esse fato marcou a turma, e quando as crianças compartilharam em casa com as famílias as informações da pesquisa, relataram essa descoberta como um fato marcante. No dia seguinte outro aluno complementou a informação sobre o carinho com as antenas, dizendo "Quando eles “namoram”, a fêmea come a cabeça do macho!", informação que impactou a turma e nos rendeu outra dúvida: "Porque a fêmea arranca a cabeça do macho?" A resposta para esta questão também foi trazida pelas crianças por conta própria; a professora apenas auxiliou a utilizarem palavras mais adequadas para explicarem o motivo (Isso acontece porque a fêmea precisa de proteínas para seus ovos assim que eles são fecundados, pensando em produzir a maior quantidade de ovos possíveis, e nem sempre ela come a cabeça do macho que a fecundou). As perguntas continuaram: “Onde ele mora?” E “Como ele respira?”. Para responderem essas dúvidas entraram em contato com a professora Vídica Bianchi, coordenadora do curso de biologia da UNIJUÍ (Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul). Ela aceitou receber a turma no laboratório de biologia, no campus da universidade, para conversar com as crianças, um momento muito instigante para a turma. Descrição dos resultados das ações A realização deste projeto de pesquisa proporcionou às crianças e educadoras muitas descobertas e aprendizagens. A colaboração das famílias e da comunidade, contribuindo com ideias, estudos e materiais foi uma verdadeira parceria. Os relatos dos pais das crianças envolvidas na pesquisa traziam um retorno muito positivo, pois percebiam seus filhos com atitude investigativa também em casa. Nas conversas diárias com as crianças era possível perceber como os conhecimentos adquiridos foram significativos para elas, principalmente pelo fato de terem acontecido a partir de questionamentos que surgiram delas próprias. Após o encerramento do projeto, o protagonismo infantil continuou se evidenciando nas manifestações das crianças, pois sentiam-se livres e capazes de fazer questionamentos, levantar hipóteses, trazer contribuições e principalmente, desenvolver uma atitude aguçada para a pesquisa. Já que a curiosidade é algo natural da criança, é necessário um olhar atento e escuta sensível do educador para significá-la, possibilitando a construção de novas aprendizagens. Nome da Instituição: CMEI JARDIM ALEGRE CURITIBA Responsável: Rosane Cirilo de Araújo Função ou cargo que ocupa: Professora Equipe participante: Janedi Costa Santos e Fabiana Bernardes Pfister Município e Estado: Curitiba/PR Faixa etária atendida: Categoria: GESTÃO 1: Como favorecemos o protagonismo infantil O que levou a realização da prática? (diagnóstico) Partindo de questões, tais como: Que espaços a escola tem proporcionado diariamente para que as crianças, tão pequenas, possam se desenvolver em sua plenitude? Como têm sido organizados os espaços para o desenvolvimento dos campos de experiências? Em relação à interação, esses espaços proporcionam novas descobertas infantis? O desenvolvimento das crianças ocorre por meio das interações e, quando os espaços são planejados, aos poucos elas se tornam capazes de fazer escolhas, de intervir no meio em que estão inseridas, tomando decisões, conhecendo-se e compreendendo o mundo a sua volta. Os espaços em sala devem ser pensados para contribuir para o seu desenvolvimento a partir de trocas de conhecimentos, prazer das descobertas, faz-de-conta e imaginação. Segundo a BNCC, um dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil é “brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos)” Descrição das intervenções que foram realizadas Introdução de novos elementos, como: mesas de madeira na altura das crianças; um teatro de sombras com materiais translúcidos e opacos, pequenos objetos e um retroprojetor para ser utilizado durante a brincadeira, organizado dentro de um armário. O canto da casinha também foi reorganizado, com itens reais de alumínio e madeira, como: panelas, colheres, latas vazias entre outros utensílios conhecidos pelas crianças em suas vidas cotidianas. Uma mesa foi montada, com animais confeccionados com rolhas, cercado de palitos de sorvete, pequenos troncos, rolinhos de papel cortados ao meio representando túneis. Enfim, espaços de descobertas e brincadeiras a fim de desenvolver a pluralidade de experiências sensoriais. Tecidos com texturas e cores diferenciadas, tampas de vários tamanhos e formatos, caixas variadas, tambores de papelão e muitos outros materiais de largo alcance também foram disponibilizados. Alguns móveis foram confeccionados e objetos como caixas de madeira e troncos de árvores fazem parte da estruturação da sala. As crianças têm a oportunidade de revisitação de suas produções em dias subsequentes, dando continuidade as suas pesquisas. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido As crianças ajudaram na reorganização dos espaços, buscando areia para montagem um do novo espaço, por exemplo. Em dos momentos perguntaram: O que é isso? Quando viram os animais, elas perceberam que se tratava de uma fazendinha. Ao brincarem na diziam: - “Olha a vaca, tá comendo grama”. Brincar com areia, montar e desmontar o espaço, fazer e desfazer as construções de diferentes maneiras, entre outras possibilidades levaram à experimentação e a atribuição de novos sentidos às brincadeiras. Descrição dos resultados das ações Este novo formato e a maneira como se organizaram os materiais nos espaços aguçou a curiosidade infantil, a vontade de brincar e o prazer em manuseá-los. As professoras observaram que durante as brincadeiras, ocorriam menos conflitos e disputas por materiais ou brinquedos, pois os objetos são ofertados com variedade e em quantidade significativa nos diferentes espaços, sejam eles na sala ou no solário, tornando-os ambientes únicos de aprendizagem. É possível ver a autonomia das crianças nas escolhas e a oportunidade de aprender, cada um no seu tempo. Estar em sintonia com as crianças em seus momentos lúdicos e participar de suas criações, tornou as professoras seres brincantes, pesquisadores e incentivadores das práticas infantis. Um espaço lúdico bem planejado leva a criança a experimentar o mundo e internalizá-lo por meio do brincar, pois tem a oportunidade de interagir, participar e conviver. Nome da Instituição: Pré-escola Municipal Judite Alencar Marinho Responsável: Cristiane Sousa Santos Função ou cargo que ocupa: Coordenadora Pedagógica Equipe participante: Lidiane Assis Millena Cruz, Daniela Nascimento Município e Estado: Feira de Santana / Bahia Faixa etária atendida: 4 e 5 anos Categoria: Professor 1: Passei a ouvir, observar e conhecer mais as crianças O que levou a realização da prática? (diagnóstico) Pensando na construção do conhecimento através das experiências, o contato com a cultura local oferece oportunidade para a valorização e conservação da história da comunidade e do município. A Literatura de Cordel foi a maneira de apresentar essa manifestação da poesia popular transmitida de geração e geração na história do povo nordestino. Nesta perspectiva, o projeto teve como objetivo colocar as crianças em contato com a literatura de Cordel, despertando a curiosidade sobre a cultura local e a poesia popular. Descrição das intervenções que foram realizadas Essa experiência teve início com atividades com a linguagem do cordel. Para isso foram utilizados recursos vários recursos, dentre eles alguns vídeos. Assim, as crianças foram descobrindo, através dos cordelistas locais, muitas histórias, iniciando com Jurivaldo Alves da Silva, cordelista feirense, que no seu Cordel Cidade Princesa, relata como surgiu o Município de Feira de Santana. O estudo desse cordel, propiciou as crianças um envolvimento com seu cotidiano, pois trabalharam com imagens do surgimento da cidade e também atuais, permitindo que as crianças se reconhecessem naquele ambiente recordando os lugares que conheciam. As crianças também exercitaram a imaginação com desenhos, pinturas e xilogravuras. Para despertar o gosto pela leitura e escrita, o projeto contou com a participação da supervisora do PIBID, a professora Luciene Dias, que promoveu junto com a professora, uma conversa com um autor, momento em que as crianças interagiram fazendo comentários e perguntas. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido No decorrer do projeto pode-se perceber a curiosidade das crianças, suas perguntas; a história de suas famílias e da cidade, bem como a valorização dos artistas locais e seu reconhecendo como pertencente à cultura nordestina. Escreveram quadrinhas, tendo a professora como escriba e fizeram xilogravuras, a partir dos seus desenhos, que serviram como ilustração. Descrição dos resultados das ações Alguns dos familiares relataram na culminância do projeto, que as crianças apresentaram em casa uma Feira de Santana que os adultos não reconheciam. Trabalhar a xilogravura também enriqueceu o projeto pois propiciou o contato com uma técnica antiga e muito importante nesta região do país. Nome da Instituição: Cei Jd. Julieta Responsável: Silvana Ribeiro Godoi Função ou cargo que ocupa: professora Equipe participante: Profa. Marcia Mazza Município e Estado: São Paulo/SP Faixa etária atendida: 0 a 3 anos Categoria: Professor 1: Passei a ouvir, observar e conhecer mais as criança O que levou a realização da prática? (diagnóstico) Pensando em garantir os direitos de aprendizagem na Educação Infantil e observando as rotinas diárias, as professoras perceberam que os bebês são grandes investigadores, estão sempre curiosos para explorarem as coisas que estão ao seu redor, articulando movimentos e sentidos em suas ações. Repensar o planejamento e rever a prática foi fundamental para a organização dos espaços, escolha dos materiais para possibilitar de novas vivências e experimentações para as crianças. Descrição das intervenções que foram realizadas Para bebês e crianças bem pequenas as atividades de explorações sensoriais são elementos de grande investigação. Nesse sentido, o manuseio de objetos, com texturas diversas, envolvendo sons, cheiros e movimentos, com interação e descobertas respeitou o tempo de cada criança e potencializou sua curiosidade. Utilizaram móbiles de tecido, materiais de diversas texturas, como bobes de cabelo, colheres, bacias, pratos, peneira, funil e forminhas; caixa de sensações (quente/frio, macio/áspero, duro/mole) manuseio de melecas, pinturas com tintas naturais, entre outras. As professoras desenvolveram uma escuta atenta e a percepção das necessidades de experiências sensíveis com os bebês. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido A prática possibilitou inúmeras explorações por parte das crianças bem pequenas, possibilitando diversas criações. Era visível a concentração e a investigação na manipulação dos objetos, das tintas, etc. Durante a exploração da massinha de modelar, Ana Beatriz (2 anos) disse: “Fiz uma tartaruga” e Kyara (2 anos) disse: “Quer bolinho de chuva?” José Arthur com a amiga Gabriela (1 ano e 8 meses) brincaram juntos com as forminhas de alumínio, em seguida Gabriela sai da brincadeira e José Arthur continua, pega duas forminhas de alumínio e despeja a areia, depois utiliza uma colher para colocar a areia no funil e retorna novamente para os objetos (colher e forminha de alumínio), preenchendo a forminha. Movimentos que iniciou do princípio ao fim da experiência, com a bacia cheia de areia entre as pernas. Descrição dos resultados das ações As crianças que sentiam alguma resistência em manusear algumas texturas, hoje já as exploram com familiaridade. Há uma grande percepção da autoria dos bebês, pois ao disponibilizarem suas produções, como pinturas, rabiscos e traços, por exemplo, ocorre sempre a apreciação por eles e pelas famílias nos espaços da escola. Os pais têm dado devolutivas, sobre a percepção da importância de os bebês brincarem com materiais diversificados. Hoje as famílias reciclam materiais e os disponibilizam para as brincadeiras dos filhos. A socialização da prática nas reuniões do Projeto Especial de Ação (PEA) tem acontecido a troca de experiências e registros da prática entre os professores e a gestão da escola tem um olhar mais reflexivo sobre as práticas, percebendo a importância da aquisição de materiais para garantir a qualidade das intervenções dos professores. Nome da Instituição: Escola Municipal Infantil Cândida Iora Turra Responsável: Géssica Aline Hermes Função ou cargo que ocupa: Professora Município e Estado: Ijuí RS Faixa etária atendida: 4 e 5 anos Categoria: Professor 2: Passei a valorizar e expor as produções infantis O que levou a realização da prática? (diagnóstico) A Pesquisa iniciou com um achado na pracinha. Em meio às brincadeiras no pátio um bicho verde e estranho foi encontrado. Logo, algumas teorias e hipóteses sobre o tal bicho verde começaram a surgir, e a turma resolveu levá-lo para a sala de aula a fim de estudá-lo. Desde os primeiros achados da pesquisa as crianças tiveram autonomia para investigar e levantar hipóteses sobre o bicho verde, trazendo seus saberes e buscando conhecimentos científicos. Descrição das intervenções que foram realizadas Todos os passos da pesquisa foram traçados pelas crianças, as hipóteses para testagens, ideias e conclusões eram levadas em rodas de conversa para serem discutidas em grupo. A produção de gráficos e cartazes de acompanhamento das hipóteses, permitiu relembrar o que já haviam testado, permitindo novos questionamentos. Utilizaram lupa para melhor exploração, além de informações coletadas na internet. As descobertas eram registradas por meio de falas e desenhos, utilizando vários materiais como lápis, canetinha, mas também materiais naturais, como folhas, gravetos e afins. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido Levaram o bicho verde para a sala e realizaram uma observação de suas características para descobrir de que bicho se tratava. Inicialmente realizaram várias possibilidades: bicho folha, grilo, gafanhoto ou gafanhoto que brilha no escuro e ilustraram por meio de um gráfico. Passaram, então, a verificar se o bicho era um gafanhoto que brilha no escuro. Indagadas sobre como poderíamos descobrir, o Juliano propôs desligar as luzes para ficar escuro, mas não ficou escuro suficiente. Então, fizeram uma cabana com cobertas sobre a mesa e concluíram que não era gafanhoto que brilha no escuro. A possibilidade de ser um grilo também foi descartada, pois em uma pesquisa na internet descobriram que grilo faz barulho e pula. Em outro momento de conversa, sobre o que fazer para manter o bicho vivo, levou a várias ideias e hipóteses como: dar comida, água, precisa de vento e um lugar para dormir. E a próxima curiosidade era descobrir o que o bicho verde comia. Em uma das tentativas de descobrir o que ele comia, colocaram no pote formigas e no dia seguinte o bicho estava morto. Logos as crianças começaram a pensar sobre o que poderia ter acontecido: Juliano: “Ele morreu!” Kerollyn: “Não, nós colocamos água”. Kimberlly: “Eu sei, as formigas estavam envenenadas!” Descrição dos resultados das ações As crianças compartilharam suas teorias sobre os acontecimentos e sobre o bicho verde por meio de falas e montaram uma exposição com cartazes, desenhos e registros de fotos de suas vivências. Foram autoras do planejamento, do processo de pesquisa e das testagens elaboradas a partir das observações, vivências e experiências. Com a pesquisa as crianças puderam criar seus próprios caminhos e suas formas de pesquisar. Elaboram suas teorias, expressando seus saberes e conhecimentos sobre o assunto. Durante este percurso de investigação, as suas falas foram acolhidas e valorizadas, sistematizadas em cartazes expostos em sala de aula que deram visibilidade ao processo de construção de conhecimentos sobre o tema. |
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Novembro 2019
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