Nome da Instituição: CEI Direto Jardim Santa Teresa Responsável: Carla Soares Mota Função ou cargo que ocupa: Professora Equipe participante: Petrina A. Assis Cinoti, Valdira Ana Chaves da Rocha, Gabrielle Cilli de Sousa Manoel Categoria: Professor 2 - Investigações Infantis Município e Estado: São Paulo/SP Faixa etária atendida: 0 a 3 anos O que levou a realização da prática? (diagnóstico) O Currículo Integrador da Cidade, um documento de reorganização curricular, que nasceu de forma coletiva e participativa, tem por finalidade fortalecer a qualidade social do atendimento às crianças muito pequenas. Nele ficam evidentes as questões relativas à visibilidade dos bebês, já que por muitos anos eles não foram entendidos como sujeitos de suas aprendizagens, não sendo considerados em suas especificidades. Ser professora de bebês é estar sempre atenta às suas linguagens e ao que eles estão dizendo por meio de gestos, do movimento, do choro, das escolhas – toda forma de expressão. Dar voz, de maneira qualificada, tonou-se um o desafio. Até então, as ações eram pensadas e organizadas de forma a favorecer os adultos, dentro de rotinas pouco flexíveis e com um olhar de extrema proteção, o que era um limitador para os corpinhos carregado de potencialidades. Então, como dar voz aos bebês? O espaço se estruturava na contenção do corpo do bebê, com a intenção de mantê-los seguros. Desta foram, encontrava-se o uso inadequado do espaço, com muitos berços, TV, material pedagógico e atividades escolhidas pelos adultos e com objetivos definidos por eles, sem considerar as escolhas que os bebês são capazes de fazer. Descrição das intervenções que foram realizadas O espaço foi reorganizado com a retirada de berços, cadeirinhas de bebê conforto, pneus, calças com enchimentos, e tudo aquilo que limitava os movimentos. Deixaram de fazer uso da TV e começaram a ocupar outros lugares além da sala. Mudaram também a forma de escolha dos materiais e introduziram os materiais heurísticos no cotidiano, além de alterações na forma de apresentação e no tempo que dedicaram novas descobertas. Mudanças na rotina, principalmente no atendimento mais individualizado como: sono, troca e alimentação. Nesta última, buscou-se mais qualidade na relação adulto/ bebê, com um atendimento individualizado. Ou seja, um ou dois bebês para cada adulto, favorecendo a interação nesse momento tão importante. O sono passou a ser oferecido no decorrer da permanência da criança, sem horário pré-definido pelo adulto. Com relação aos momentos de troca, pensou-se em uma maior com interação. Aqui o adulto passa a falar sobre sua ação com o bebê o tempo todo, permitindo que o mesmo participe desse momento e fazendo pequenas escolhas, principalmente da posição corporal. Os adultos passam a realizar uma observação com mais foco nas ações que cada bebê realizava no espaço. Estudos sobre a abordagem da Emmi Pikler, contribuem para a valorização da ação dos bebês como protagonistas de suas escolhas; da independência da figura adulta que está em sua volta e a qualificação dos momentos de cuidados que são intencionais para o desenvolvimento da segurança afetiva. O cercado é colocado na sala com intencionalidade, pois faz parte da abordagem estudada e ajuda no processo da consciência corporal que cada bebê precisa passar. Não tem tempo certo de cada bebê no espaço, mas sim um processo de segurança emocional e desenvolvimento de suas habilidades motoras, que deve ser respeitado. Utiliza-se também a fotografia para dar voz aos bebês e visibilizá-los para as outras pessoas do espaço, família e comunidade. Com a liberdade dos movimentos e sem recursos de contenção de corpos, percebe-se uma consciência corporal muito maior, segurança em suas conquistas e predisposição para os novos desafios. Com a conquista de seus movimentos, a autonomia nas escolhas do que brincar, investigar ou até mesmo a escolha de não fazer nada. Tudo é permitido intencionalmente. A formação dos educadores envolvidos também foi um diferencial. Cada um procurou ler mais sobre o assunto e, nos momentos coletivos de formação, os temas envolvendo os bebês ficaram mais constantes. Ampliou-se o estudo para conhecer a abordagem Emmi Pikler. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido Sem objetos de contenção como os bebês conforto, calças com enchimento, pneus entre outros recursos que limitam o corpo, eles ganham espaço e possibilidades de aprendizagens. Com a observação atenta, aprendemos que os bebês se expressam em seus pequenos gestos e que são verdadeiros pesquisadores. Primeiro a pesquisa começa com o seu corpo, pés e mãos se tonam a brincadeira. Depois ele passa por novas descobertas quando rola, fica de bruços, volta para posição inicial e vai descobrindo seus limites. Há investigação com os objetos também, que são oferecidos de forma a auto estimular os movimentos, pois a curiosidade é uma ferramenta para o desenvolvimento de novas aprendizagens. Ver a relação que cada bebê tem com o objeto de sua escolha comprova o quanto são investigativos, potentes e cheios de competência e só precisam de oportunidades para despertá-las. Descrição dos resultados das ações A gestão está ampliando as diretrizes de trabalho para as demais turmas e há colaboração de outras pessoas para que as mudanças ocorram na rotina; cozinheiras e auxiliares de limpeza apoiam e os horários de alimentação se tornam mais flexíveis para que seja possível oferecer um atendimento mais individualizado. Dar visibilidade para o fazer dos bebês, valorizar cada um em sua individualidade, mesmo em um espaço coletivo; fazer uso de encontros com as famílias para a mudança de olhar para as aprendizagens, as competências e o desenvolvimento de seus filhos. Entender um pouco sobre a organização do espaço, rotina e como trabalhar em parceria; realizar uma acolhida diferente, em que cada família fica uma semana no espaço para conversar sobre a rotina do bebê em casa e sobre a importância da mudança de olhar para o fazer cotidiano na creche. Enfim, os resultados são percebidos nos sorrisos, no corpo livre e na autonomia que os bebês vivem no cotidiano.
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Novembro 2019
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