Nome da Instituição: Escola Municipal de Educação Infantil Vasco Prado Responsável: Caroline da Costa Cardoso Função ou cargo que ocupa: Professora/Coordenadora Pedagógica Equipe participante: Mara Regina Souto Jacques Município e Estado: Uruguaina/ RS Faixa etária atendida: 0 a 3 anos Categoria: Gestão 2 : Projetos de Formação O que levou a realização da prática? (diagnóstico) A partir da reflexão sobre os registros das professoras, a coordenadora pedagógica, decidiu investir em um processo de formação que construísse uma nova identidade para a creche. Isso porque as narrativas dos registros não se conectavam aos modos de aprender das crianças e a sua relação com o mundo. A presença de relatos como: “Na pracinha explora todos os brinquedos com a ajuda da educadora, mostrando coordenação motora compatível com sua faixa etária”, revelava uma prática desprovida de significado e frustrante para as professoras. Não havia uma correspondência entre as manifestações infantis e o que elas propunham. Queixas como falta de concentração das crianças nas atividades ou insatisfação com relação ao alcance de algum conhecimento formal, como cores e números eram comuns no cotidiano. Os registros fotográficos demonstravam, da mesma forma, pouca expressividade no fazer das crianças, como se a intenção fosse apenas marcar a concretização de um planejamento e o alcance de objetivos pré-definidos pelo adulto. As potencialidades das crianças pareciam invisíveis para as professoras, elas passavam despercebidas e ficavam dúvidas sobre o lugar do adulto nesse espaço. Como poderiam reconstruir os olhares para as crianças, reconstruindo, ao mesmo tempo, novos sentidos para a prática docente na escola? Partindo de sua própria experiência como professora, a Coordenadora resgatou o modo como se afetava com as escutas das crianças, para sensibilizar o grupo de professoras, despertando-as para algo novo, diferente e que possibilitasse uma abertura para se ver as maravilhosas manifestações de quem está descobrindo o mundo e encontrando formas para mostrar o quanto poderia ser significativo cada momento que passavam com as crianças. A Coordenadora acreditou que, assim como ela, as professoras poderiam aprender com as crianças e encontrar um novo sentido para seu papel na escola de educação infantil. Descrição das intervenções que foram realizadas As formações se tiveram como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e a Base Nacional Comum Curricular, buscando confrontar seus conceitos com aqueles construídos na prática cotidiana das professoras. Deu início confrontando dois conceitos: atividade e experiência. Propôs a utilização dos registros de forma que as professoras buscassem as experiências das crianças, mesmo que as propostas ainda fossem vistas, por elas, como atividades. Isso possibilitou uma nova forma de olhar, tornando visível o que não era observado anteriormente, pois as crianças estão a todo momento em busca de suas próprias experiências. Discutiram os direitos de aprendizagem da BNCC observando a busca das crianças pela garantia desses direitos, mesmo em contextos que não valorizam suas potencialidades. E, cada direito pode ser relacionado a uma situação cotidiana comumente apresentada pelas crianças, mas que os adultos normalmente não conseguiam acolher e interpretar. A Coordenadora se valeu de uma estratégia muito simples, mas que se mostrou bastante eficaz. Propôs às professoras a confecção de bolsas artesanais, que utilizariam a tiracolo, como um bloco de anotações para não perderem os indícios que as crianças apresentavam no dia a dia da escola, além de construírem seus modos próprios de escrever. Nos encontros de formação iam entrelaçando as observações escritas das professoras com os conteúdos já discutidos em encontros anteriores. O resultado desse trabalho foi a construção de uma mapa conceitual a partir dos olhares e falas das professoras que revelava o que aprendiam e desenvolviam com as crianças. A partir daí muitas oportunidades formativas nasceram no cotidiano da escola; apostando no despertar das professoras a partir de uma escuta efetiva e para ressignificação de seu papel como professoras na creche, nutrida cotidianamente, com as tessituras do crescimento de crianças e adultos. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido Nos relatórios as crianças ganham maior liberdade para buscar os próprios significados, validados pelos adultos por meios da escuta e identificação das subjetividades em um contexto coletivo, tais como: “Na atividade com argila, água e espaguete, Isabela misturou os ingredientes, mostrando para as educadoras as transformações que ela observava acontecer.” Ou, “Experimenta situações de faz de conta com sua colega Ana; sempre inventam boas brincadeiras, gostam de explorar o pátio. Sobem, descem, correm, escorregam, observam plantas, insetos, buracos, dizem que é a casa do jacaré.” Descrição dos resultados das ações Considerando esses movimentos de escuta como uma conquista do grupo de professoras, foi proposto um novo desafio, a realização de uma Mostra Pedagógica diferente, tornando visíveis as escutas que mostravam os percursos vividos pelas crianças ao longo do semestre. Cada professora escolheu duas experiências narradas em fotos e textos para que as crianças e as famílias pudessem ocupar esse espaço e viver esse encontro de uma forma diferente das anteriores. E num tempo leve e fluido, as famílias ocuparam a Mostra, circulando pelo espaço e dedicando tempo para estar com as crianças e para entenderem um pouco da uma nova cultura que se construía na escola. Um sentimento de valorização, de percepção da própria potencialidade como autoras de um novo sentido sobre a educação das crianças; esse novo tempo foi ao poucos tomando conta das falas e posturas cotidianas, destacando-se o desejo de conhecer ainda mais as crianças e ampliando a compreensão de que será na investigação da própria realidade que se encontra o caminho de crescimento como educadores de crianças.
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Novembro 2019
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