Nome da Instituição: EMEB Prof. Ana Henriqueta Clark Marim Responsável: Amanda Bolsarin Função ou cargo que ocupa: Professora Equipe participante: Professora Ana Maria Bonfim, diretora Jane, vice-diretora Luciana e coordenadora pedagógica Raquel Município e Estado: São Bernardo do Campo / SP Faixa etária atendida: 4 e 5 anos Categoria: Professor 1: Passei a ouvir, observar e conhecer mais as crianças O que levou a realização da prática? (diagnóstico) A partir de algumas formações sobre a BNCC e sobre documentação pedagógica, a equipe teve a oportunidade de rever sua prática, com reflexões que puderam contribuir para repensarem alternativas que garantissem os direitos de aprendizagem e desenvolvimento na Educação Infantil. A equipe gestora colocou, então, um desafio: organizar um novo espaço externo, onde as crianças já brincavam de faz-de-conta/cozinha de lama, aprimorando-o. Por onde começar? O que comporia este espaço? Muitos desafios foram postos para superá-los. Perceberam que a tomada de decisão estava centralizada nas mãos dos adultos e também que precisavam ampliar as propostas do brincar no espaço externo: O que as crianças já fazem e do que já brincam? Como ampliar este brincar? Como envolver as crianças nas tomadas de decisão? Por que nem todos se envolvem e como garantir esse envolvimento? Envolver as crianças nas tomadas de decisão, sugestões e participação nas intervenções e ações passa a ser então estratégia de trabalho com a intenção de que a brincadeira na Cozinha de Lama ficasse ainda mais interessante, envolvente e enriquecedora, sem perder a intencionalidade educativa, que as práticas educativas impõem. Descrição das intervenções que foram realizadas Reorganização e intervenções no espaço, a cada experimentação e exploração vividas pelas crianças, somadas às observações da equipe definiam indicativos de como ampliar as experiências das crianças na Cozinha de Lama, como, por exemplo, os novos elementos como: geladeira, utensílios de cozinha, baldes, serragem, etc. de forma a promover o brincar na natureza e outros tantos desafios que o espaço propunha. O exercício da escuta e a certeza do protagonismo das crianças fez com que elas fossem incluídas nas tomadas de decisão. Tudo começou com um levantamento conjunto do que já faziam nesse espaço, do que e com o que brincavam e quais as brincadeiras que mais gostam de brincar lá. E for fim, lançaram a pergunta: o que poderia ser feito para que a brincadeira na cozinha de lama ficasse ainda mais legal? E muitas sugestões foram apontadas pelas crianças em assembléias; uma delas foi à utilização da água como mais um elemento para compor a brincadeira. Outras sugestões para organizar a brincadeira foram aventadas como a limpeza dos utensílios e a oferta de outros materiais como madeiras diversas, vários tipos de folhas, sementes, pedras, etc. com participação das crianças também na seleção destes materiais. Como este trabalho ainda está em andamento, as intervenções também estão sendo desenvolvidas conforme os apontamentos, observações que vão surgindo ao longo das brincadeiras e experiências nesse espaço. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido O principal objetivo para a ação das crianças na Cozinha de Lama era que elas tivessem contato direto com elementos da natureza, explorando-os em suas brincadeiras, o que se aliava a uma infinidade de possibilidades do brincar e da ampliação da criatividade, por meio do jogo simbólico, constituído também pela interação com outras crianças. Puderam notar o envolvimento das crianças, elaborando e criando esse brincar. Os objetos, utensílios e as experiências fizeram com que as crianças ampliassem as possibilidades do brincar. Objetos, utensílios, elementos da natureza foram sendo utilizados com outras funções, como por exemplo, a caixa de madeira de feira que se transformava ora em mesa, ora em churrasqueira e onde os tocos de madeiras eram as carnes, etc. As crianças organizaram festas com diferentes temas, sempre envolvidas no preparo dos alimentos (todos elementos da natureza); as tarefas sobre quem faz o que nas brincadeiras também eram divididas e acordadas entre as crianças, de forma a resolver situações problemas postas na organização da brincadeira. Outra situação bastante significativa neste espaço são relações que as crianças fazem, em suas brincadeiras com referências nas práticas culturais como a “leitura” das receitas e as medições dos ingredientes em suas preparações. Criaram também outras possibilidades, não se limitando ao proposto, pois panelas, baldes e outros utensílios transformavam-se em instrumentos musicais e as crianças produziam diversas possibilidades de produções sonoras! Foi possível observar as falas das crianças que se revelavam bastante ricas e cheias de significados quanto à elaboração de suas brincadeiras de cozinhar, de organizar as festas, entre outras. Comentários sobre como preparar receitas, procurando seguir a lógica da prática social do churrasco, por exemplo, em que os meninos, mais especificamente, eram os que organizavam este jogo, se baseiam em algumas práticas culturais. Foi possível observar as crianças criando e elaborando jogos simbólicos, representando o mundo que as cerca, fazendo descobertas, explorando, resolvendo conflitos, enfim, aprendendo! Descrição dos resultados das ações A equipe percebeu o potencial desse espaço na promoção das aprendizagens das crianças e de outros envolvidos, professores, gestores e comunidade. Todos estão tendo a oportunidade de construir muitos saberes, ampliar conhecimentos e continuar a buscar estratégias para que nossos saberes, olhares, escutas continuem se ampliando e promovendo aprendizagens ainda mais significativas: aquelas que tocam e que podem deixar experiências para a vida, contribuindo, assim, para a educação integral das crianças! A compreensão do propósito desse trabalho levou ao envolvimento das famílias que demonstram interesse pelos fazeres da escola e das crianças, não mais questionando porque as crianças iam embora com seus uniformes sujos. Entendem hoje que as crianças têm direito ao contato com a natureza, tem direito ao brincar, participar, conviver, explorar, expressar e conhecer-se, enfim, que com essas experiências estão aprendendo o tempo todo. Todos os desafios servem como suporte para que as crianças se sintam desafiadas a buscar soluções e, assim, a ampliarem as possibilidades do brincar. Da mesma forma, os educadores têm tido a oportunidade de rever sua prática, de forma reflexiva e qualificando o atendimento.
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Nome da Instituição: Escola Municipal de Educação Infantil Vivendo a infância Responsável: Deise Vieira Fernandes Bissoloti Função ou cargo que ocupa: professora Município e Estado: Esteio /RS Faixa etária atendida: 0 a 3 anos Categoria : Gestão 1: Como favorecemos o protagonismo infantil O que levou a realização da prática? (diagnóstico) A prática parte da observação da professora relativa ao cotidiano dos bebês na escola; as brincadeiras, as interações, as refeições e outros momentos de cuidado. A partir de uma escuta sensível e de um olhar atento, a professora observou os gestos, necessidades, interesses, emoções e desejos das crianças, para criar ambientes organizados, propositores, acolhedores e atrativos, onde cada criança pode viver diversas experiências; criar, aprender, brincar e se expressar. Até então, as crianças ficavam restritas à sala referência da turma; não utilizavam outros espaços da escola, interagiam pouco entre si, com outras crianças e com os funcionários. Articular o tempo e o espaço era fundamental para que as crianças pudessem explorar os materiais livremente, com autonomia e de acordo com o ritmo de cada uma, respeitando sua individualidade. Descrição das intervenções que foram realizadas Os ambientes foram organizados de forma a garantir o acolhimento e desafiar os bebês, a partir de espaços variados e materiais diferenciados O tempo também foi repensado, bem como o número de crianças nas atividades para proporcionar experiências instigadoras, cheias de encantos, explorações, pesquisas e descobertas. Um brincar com intencionalidade valoriza a riqueza do dia a dia com os bebês; um cotidiano que permite que o inusitado, o inesperado e o extraordinário possam acontecer. Sendo assim, pensar o planejamento das práticas pedagógicas da Educação Infantil está intimamente ligado à organização dos espaços, dos tempos e dos materiais, oportunizando aos grupos de crianças interações e brincadeiras, suscitando repertórios diversos para experienciar e se encantar. A atuação planejada necessitou de materiais variados, como por exemplo: tintas, areia, argila, colas, pincéis, rolos de pinturas, texturas, papeis, elementos da natureza (folhas, barro, água, gravetos, pedras), telas, cavalete, azulejo, papelão, carretéis, sucatas, etc.; tudo organizado previamente. O espaço é um facilitador do trabalho do professor. O pátio, o saguão da escola, a sala de referência, o atelier, todos os espaços são bem-vindos nessa ação que amplia as possibilidades de manifestação das crianças tanto individualmente, como em duplas ou em grupo. Foi possível também um trabalho de articulação entre o tempo e o espaço, fundamental para que as crianças possam explorar os materiais livremente, com autonomia e de acordo com seu interesse. As propostas desenvolvidas foram registradas em forma de fotos, vídeos e relatos como documentação pedagógica. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido Na educação infantil e especialmente na turma de berçário, o trabalho é contínuo, lúdico e significativo. Os resultados são visíveis, pois ao utilizar materiais diferenciados, os bebês ampliam seu repertório de brincadeiras e aprenderam com descobertas e vivências inspiradoras. E é também nas interações e relações que as crianças aprendem e se constituem. Cada criança, como ser único, explora os materiais a sua maneira. No início, algumas crianças não gostavam de se sujar com tintas, por exemplo, outras já queriam usar muitas cores e usar as mãos ao invés de pincéis. Aos poucos elas foram ampliando o seu repertório de vivências e participando com mais naturalidade desses momentos e das atividades propostas. A cada possibilidade ofertada às crianças, há uma intencionalidade pensada pelo professor, mas o inusitado também aparece no cotidiano da escola a partir do imaginário e do pensamento infantil. São muitas as manifestações. Por exemplo, no pátio, uma criança traz uma pedrinha que encontrou no meio da grama e diz: “Tesouro!” Então, percebendo o seu fascínio e encanto, a professora sugere que ela a guarde em um lugar especial. Tem quem guardou no espaço externo, no meio da natureza, tem quem quiz levá-la casa. Para a professora Deise, ouvir as crianças e revisitar a sua própria infância pode ser a chave para se aproximar do universo infantil. Descrição dos resultados das ações A diversificação das vivências das crianças gerou transformações na relação das crianças com os espaços, rotinas e materiais, mas também possibilitou mudanças profissionais (formação continuada) e de gestão, o que impactou na interação com as famílias. Aos poucos, novas propostas foram sendo introduzidas, novos materiais e novos espaços para explorar e as crianças ficaram, cada vez, mais interessadas e concentradas. O interesse e a curiosidade para com os materiais aumentavam gradativamente, à medida que as experiências significativas eram vivenciadas. Foi possível constatar que as aprendizagens aconteceram durante as interações entre as crianças e delas com os materiais. Os materiais diversificados são importantíssimos para o desenvolvimento dos bebês, aguçam a inteligência, despertam o interesse e proporcionam um mundo de fantasia, imaginação e criatividade. Experimentar, explorar, manusear, empilhar, montar, encaixar, entre outras ações de participação ativa, demonstram as infinitas possibilidades que esses materiais oferecem. Nome da Instituição: Escola Municipal Profª. Anna Mantovani de Andrade Responsável: Eliani Ragonha Função ou cargo que ocupa: Coordenadora pedagógica Município e Estado: São José do Rio Preto / SP Faixa etária atendida: 4 a 5 anos Categoria: Gestão 2: Formando para a mudança O que levou a realização da prática? (diagnóstico) A partir da prática de observar as crianças, seus interesses e curiosidades, a professora valorizou a descoberta de um ninho de ovos no muro da EMEI e a dúvida das crianças – É ovo de que? As crianças assumiram a autoria de um processo de investigação e pesquisa, transformando seus saberes em conhecimento cientifico. Descrição das intervenções que foram realizadas As experiências vivenciadas pelas crianças foram intencionalmente planejadas e propostas de forma a garantir que as interações entre elas, os materiais, os tempos e os espaços de forma muito rica. Rodas de conversa abriram espaços para que as crianças pudessem expor suas hipóteses sobre os ovos, apresentando seus conhecimentos prévios sobre o tema. A produção de cartazes registrou suas hipóteses, o que já sabiam e o que queriam saber sobre o tema, assim como, suas novas respostas às perguntas, tendo a professora como escriba. As crianças munidas de lupas exploraram, recolheram material que pudessem justificar suas hipóteses, pesquisaram em várias fontes como livros, revistas, sites e vídeos da internet. Constataram que os ovos eram de lagartixas e observaram o nascimento de duas delas. As crianças registraram suas descobertas por meio de desenhos, modelagens, instalações com diferentes materiais: papel, lápis, giz de cera, canetinha, tinta; recursos naturais como gravetos, folhas secas, sementes. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido As crianças, envolvidas com o tema, quiseram saber mais sobre as ‘lagartixas” e o processo de desenvolvimento de seus ovos: Quanto tempo levam para nascer? Se precisavam ser chocados pela “mamãe lagartixa”? Se eram venenosas? Do que se alimentam? etc. Durante a investigação, ao visualizar uma poça de água na quadra, Andrei insistiu com sua hipótese: "Eu não disse que é ovo de mosquito da dengue, eu sei porque tem água parada aqui..." Procurar pistas que justifiquem sua hipótese mostra que ele traz muitos saberes sobre o mundo. Pedro encontrou em uma folha no jardim minúsculos ovos de borboletas e compartilhou sua descoberta com a turma dizendo: “Olha só o que eu achei... ovinhos de borboletas...” A folha com ovinhos foi levada para sala para que a turma pudesse compará-la com a imagem que pesquisamos. Ao calcularem o tempo em que as lagartixas demoraram para nascer, a partir de uma planilha, Diego se surpreendeu: “Olha professora, estes dois meses (julho e agosto) dá 62 dias... Por que eu pensei assim: trinta mais trinta fica sessenta e um mais um são dois e sessenta mais dois fica sessenta e dois” A ideia da produção do documentário partiu das próprias crianças: “Precisamos fazer um vídeo e colocar no YouTube, professora”. Elas participaram da elaboração do roteiro, ajudaram na seleção de imagens e fizeram a narração dos textos no vídeo. Descrição dos resultados das ações O vídeo publicado na página do Youtube da nossa EMEI mostra as falas e as descobertas das crianças. As crianças tiveram a oportunidade de compartilhar seu conhecimento com a exposição de cartazes e fotos de sua vivência; a montagem de uma árvore confeccionada com caixas de papelão como telas ilustrando a camuflagem das lagartixas, além do documentário produzido pela turma. A avaliação do desenvolvimento de cada criança nesse projeto foi feita de forma processual a partir do acolhimento de suas vozes e saberes, na observação das manifestações de suas várias linguagens e nas interações entre elas. Os objetivos foram alcançados pois garantiu-se às crianças experiências que fizeram delas protagonistas de um processo, compartilhando seus saberes e transformando-os em conhecimentos, como, por ex., a importância e o cuidado com a biodiversidade numa relação de respeito com o meio natural. Instituição: EMEI Dona Leopoldina Responsável: Marcia Covelo Harmbach Função ou cargo que ocupa: Diretora da EMEI Município: São Paulo (SP) Faixa Etária Atendida: 4 e 5 anos Categoria: Como favorecemos o protagonismo infantil O que levou a realização da prática? (diagnóstico) Em fevereiro de 2012 a equipe gestora iniciou o trabalho na EMEI ouvindo todos os trabalhadores, educadores da escola e os pais para fazer um diagnóstico sobre a realidade da unidade escolar, uma vez que éramos nós as novas integrantes. As crianças também foram ouvidas nesse processo. Assim, o projeto partiu de uma escuta sensível, buscando a autonomia e autoria das crianças e construindo com elas formas de tornar a escola mais bonita, aconchegante e brincante, construindo espaços e tempos significativos para todos. Como não bastava só ouvir as crianças, mas atrelar o que se ouvia à criação de tempos e espaços para que elas pudessem viver as infâncias, ampliando suas realidades sociais, culturais e humanas, o objetivo era incluir as crianças na participação da gestão democrática da escola, contribuindo para o diálogo entre elas e os adultos, respeitando a cultura infantil e fomentando a autoria na tomada de decisões sobre assuntos de interesse da escola e do entorno. As crianças mostraram o que faltava para o uso dos espaços e materiais. Por exemplo, não queriam a “hora do sono” e gostariam de usar a quadra, os espaços de terra que as professoras não deixavam, entre outros desejos. Ao considerarmos a importância de criar mecanismos e estratégias para dar relevância à voz das crianças no cotidiano da educação infantil, e ainda, considerando a necessidade de encontrar soluções para um diálogo cada vez maior entre crianças e adultos, escolhemos o caminho da constituição do Conselho de Crianças; No Conselho as crianças são motivadas a refletir, levantar hipótese, pesquisar, tirar conclusões, ampliar o conhecimento e avaliar o que observam e constroem sobre o mundo. Intervenções Realizadas Para compor o Conselho formam escolhidos, pelas próprias crianças, dois representantes por sala: um menino e uma menina (para garantir a questão de gênero); um escolhido pelas crianças e outro pela professora. Após várias reflexões sobre como garantir uma pergunta que abarcasse a visão das crianças sobre os tempos e espaços da escola, lançamos duas questões para discussão:" O que você gosta na escola?" e “O que você não gosta na escola?” As discussões no Conselho acontecem em uma assembleia e uma reunião mensais. Os representantes levam as discussões para as salas e no mês seguinte trazem a devolutiva e os registros por meio de várias linguagens (desenho, colagem, pintura, escrita). Nas reuniões de Conselho, cada representante socializa o que trouxe e discutimos sobre a temática proposta. Partindo dos diversos pontos de vista, apontamos encaminhamentos que são levados ao Conselho de Escola dos adultos e são debatidos em igual importância aos temas levantados por pais e educadores. Desta forma, construímos, todos juntos, uma rotina que contempla as necessidades das crianças e atende às suas sugestões. Descrição dos saberes e fazeres infantis Os pequenos provaram para os adultos que eram capazes de, por exemplo, subirem em árvores. Os pais e educadores ficaram reticentes e queriam delimitar quais árvores poderiam ser escaladas e novamente as crianças apontaram a solução: "Subimos até onde der". A Organização do espaço a partir das indicações das crianças e não das necessidades e da ótica dos adultos foi nossa meta em 2013. Discutimos o uso das verbas: o que comprar, para quê e, desde aquela época, destinamos uma porcentagem da verba para a aquisição das prioridades definidas pelo Conselho de Crianças (opinam sobre as festas, passeios, estudo do meio e resoluções dos problemas do cotidiano: conflitos, alimentação, projetos, entre outros). Em 2014, projetaram um campo de futebol de areia que foi construído de acordo com o projeto das crianças e com arquibancadas. Ganhamos algumas casinhas de entrar dentro e os adultos queriam colocar uma em cada parque e as crianças ficaram indignadas: “vamos colocar uma do lado da outra para brincar de vizinho” e quando chegou a terceira casinha:” agora vai ser uma vila”! Os adultos jamais teriam a percepção das crianças, porque a ótica é outra, com outra complexidade. Em 2015, as crianças começaram a perceber o entorno: nas saídas para ir à feira e a um clube próximo, observaram que não havia lixeiras pelo quarteirão, além de farol e faixa de segurança para atravessar a rua; as árvores precisavam de poda, pois estavam caindo na calçada e interrompendo a passagem dos pedestres. Levaram a questão para o Conselho e após muita discussão, chegaram à conclusão de que deveriam falar com o prefeito. Foram atendidas pelo subprefeito da região que, além de ouvir as crianças, compareceu à escola para conhecer nosso Projeto. Depois de um tempo, um mutirão da Subprefeitura colocou lixeiras, podou o mato e as árvores, colocou sinalização. As crianças ficaram felicíssimas e os adultos também, pois já fazia tempo que cobrávamos essas solicitações. Em 2016, continuamos com nosso Conselho discutindo com as crianças o nosso cotidiano; resolvendo problemas, tratando de assuntos sérios como a questão de gênero por exemplo. Alguns pais não queriam que os meninos brincassem de boneca e as meninas de carrinho e eles mostraram que os pais cuidam dos filhos e as mães dirigem carros. Simples assim! Como simples são as respostas das crianças, mas de uma enorme sabedoria. Resultados da ação A expansão das possibilidades de participação no mundo social é nossa tarefa primeira, pois ser humano e ser social significa ser sujeito de escolhas e isso se constrói na tomada de consciência sobre o que se faz. O investimento nos pequenos os torna agentes transformadores de si e do mundo ao seu redor. Nosso Projeto inseriu a criança na construção de espaços e tempos educadores, onde a infância pode ser vivida, enriquecida, compartilhada. Semestralmente fazemos uma avaliação dos avanços e conquistas do Conselho de Escola e Conselho de Crianças, mas na verdade o avanço é notório nos espaços e nas relações. Todas as pessoas que visitam nossa escola relatam sobre como a escola tem "cara de criança", sem ser infantil, como o espaço respeita o tempo da infância. Dar voz às crianças não é apenas permitir que elas falem, é reconhecer o que falam e que suas vozes possuem extrema importância. A maneira como sentem e veem o mundo ressignifica a visão do adulto e dá credibilidade para o que apontam. Nesses cinco anos, em que estamos desenvolvendo o projeto dos Pequenos Conselheiros, nossa escola ficou mais colorida, alegre, com crianças mais felizes, questionadoras e críticas. Notamos, também, mudança na postura dos adultos que passaram a valorizar o protagonismo infantil. Nome da Instituição: EMEI Papa João Paulo II Responsável: Lidiane Cristina Loiola Souza Função ou cargo que ocupa: Professora de EI Município e Estado: São Paulo / SP Faixa etária atendida: 4 a 5 anos Categoria: Professor 2: Passei a valorizar e expor as produções infantis O que levou a realização da prática? (diagnóstico) A professora sempre deu valor às produções realizadas pelas crianças, mas compreender os processos da arte possibilitou ver novas formas de expô-las. O estudo sobre arte contemporânea levou-a a ampliar seu repertório acerca das manifestações infantis. Descrição das intervenções que foram realizadas A partir de estudos e reflexões, a professora procurou olhar todos os espaços da escola como potencializadores expositivos das criações das crianças. As intervenções passaram a ocorrer em todos os espaços da escola, pois todos são possíveis de aprendizagem e de suportes. A professora passou a buscar, junto com as crianças, novos espaços para apresentar suas produções, iniciando um novo movimento de ocupação na escola. E nesse movimento, o corpo se movimenta nas instalações dos brinquedos do parque, entre outras obras, e com isso a criança não só contempla, mas se apropria do seu trabalho. Resolveram também transformar a Mostra que acontecia na escola de evento único a ação cotidiana. As crianças começaram, assim, a ter seus trabalhos espalhados por diferentes espaços e com isso surgiram os lugares mais inusitados como o “Varal da Arte” no corredor de entrada da escola. Quando passaram a socializar e expor as propostas durante o ano inteiro o retorno foi satisfatório, inclusive por parte dos pais. Os questionamentos iniciais dos funcionários ao trabalho aos poucos foram se dissipando, pois a professora levou-os a compreender o quanto essa ação traz aprendizagens para as crianças. Socializando os trabalhos com outros grupos infantis, pais e funcionários, a escola passa por um constante movimento e vem mudando também a forma como os adultos olham as manifestações infantis. Hoje contemplam, elogiam e acima de tudo respeitam a dinâmica de descontruir e reconstruir, inventar e reinventar os lugares e espaços da escola. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido As crianças vibram ao verem seus trabalhos sendo apreciados e respeitados por todos. Elas perguntam: - Professora, onde você vai colocar? Nas árvores? Ou lá no pátio? Surgem delas novos lugares para a exposição de suas produções, como aconteceu com o “Varal da Arte” o corredor de entrada da escola. Descrição dos resultados das ações As transformações aconteceram com a professora durante as formações e leituras; mas também com as crianças, que passaram a apreciar as novas formas em que se apresentam seus trabalhos pela escola; os funcionários passaram a ter um olhar mais cuidadoso e acolhedor para as diferentes manifestações, os pais conseguem apreciar as criações de seus filhos. A gestão passou a valorizar e respeitar o trabalho, apoiando com materiais e liberação de espaços. Até o vigia fura a parede quando é preciso pendurar algo em um local “inusitado”. Esse tipo de iniciativa não é apenas importante para as próprias crianças, que tem seus trabalhos expostos, mas para a cultura escolar de um modo geral. Instituição: Centro de Educação Infantil Luiz Vargas Responsável: Angelita Muller Função ou cargo: Professora Município e estado: Blumenau / SC Faixa Etária Atendida: Crianças com 5 a 6 anos Categoria: Professor 2: Passei a ouvir, observar e conhecer mais as crianças O que levou a realização da prática? (diagnóstico) O projeto “Nossas Curiosidades Sobre a Natureza” surgiu a partir da necessidade de valorizar as curiosidades e as hipóteses apresentadas pelas crianças em roda de conversa sobre a natureza. “De onde vem a água”? Por meio dessa pergunta surgiram várias curiosidades. De onde vem água da chuva? Como a água chega na máquina de lavar roupa, no vaso do banheiro e no chuveiro? Como a água chega nos canos e na caixa d´água? Como a água chega ao esgoto? Onde fica a caixa d´água do CEI? A água tem cor? A partir dessas curiosidades desenvolveu-se o Projeto. Antes do projeto não havia um trabalho com as crianças sobre a importância da água para nosso planeta. Elas acabavam desperdiçando água ao lavarem as mãos, após as brincadeiras no parque; ao lavarem os brinquedos; o pincel com guache; no momento da escovação dos dentes. Descrição das intervenções que foram realizadas Realizamos um passeio nos espaços externos e internos do CEI, acompanhados pelo zelador que mostrou a trajetória que a água faz para chegar nas torneiras. Ele mostrou para as crianças o hidrômetro (registro ou relógio de água). Algumas já conheciam e sabiam o que era, mas não sabiam para que servia. Toda água que chega no registro passa por tratamento para ficar bem limpa, mas de onde a água limpa vem? Algumas crianças falaram que vinha da chuva, outras do rio. Mas, também existe um local que cuida e trata da água antes de chegar nas torneiras. (Estação de tratamento de água). As crianças discutiram com o zelador a função do registro de água e sua importância para o seu controle, caso tenha um vazamento ou estoure algum cano. O relógio marca a quantidade de água consumida no mês e existe um documento chamado talão de água que as pessoas recebem para pagar a água que consumiram no mês. Observaram também onde ficava a caixa do esgoto do CEI e conversaram sobre como a água suja vai para o esgoto, (vaso sanitário, pia, máquina de lavar roupa, chuveiro e outros); saindo dos canos, ela passa por toda cidade até chegar na estação de tratamento de esgoto chamada de ETA. Por meio de vídeos as crianças puderam entender como funciona as estações do esgoto e a transformação da água suja em água limpa. Falou-se sobre a importância da limpeza e de se manter a caixa d’água bem fechada para não entrar sujeira e bichos, pois podem contaminar a água e fazer mal para a saúde. Ainda conversaram sobre como a água chega na pia da cozinha, no bebedouro, no chuveiro, na máquina de lavar roupa, na privada e na pia. Samuel falou: “Profe, sabe que lá em Angelina, no sitio da minha vó, não tem relógio prá água; minha vó não paga água, é de graça; ela vem do morro pelo cano, é bem limpinha”. E Murillo falou: “Nossa, eu nunca vi um relógio da água na minha casa, vou pedir prá minha mãe me mostrar onde tem lá no meu prédio”. Melissa disse: “Eu já sabia, lá na minha casa tem um desse relógio eu já vi, minha mãe me mostrou”. Questionados sobre a questão da economia de água, Jaqueline falou: “Tem que fechar bem a torneira”. Isabelly: “Não pode jogar lixo no rio”. Helena: “Não pode ficar brincando na torneira e nem no chuveiro”. Maria Clara complementou: “Não pode ficar brincando no banheiro com água da descarga”. Um dia chuvoso contribuiu para descobertas sobre de onde vem a água da chuva, com o auxílio de uma sombrinha foi possível contemplar a chuva. As crianças utilizaram lupa e máquina fotográfica para registrar e observar os fenômenos. Através da lupa as crianças observaram as plantas molhadas pela chuva. Conversaram sobre a importância da chuva. Sem ela os rios podem secar matando todos os animais que vivem nele e também pode acabar com a nossa água da torneira, daí a importância da preservação e conservação dos rios. Várias foram as descobertas sobre a água; seus estados físicos: líquido, sólido e gasoso. Durante a brincadeira uma criança falou: “Esse gelo é solido e vai ficar líquido”. A professora questionou o que era sólido e líquido. Ela respondeu: “Você não sabe profe? O gelo é solido e a água é líquida”. Além de brincarem com gelo, elas brincaram com lama, criando desenhos nas paredes de azulejo no parque. Durante a brincadeira uma criança falou: “Eu vou fazer meu nome e pintar toda minha mão com essa água de lama”. Para finalizar o projeto foi montada uma exposição com trabalhos realizados pelas crianças e famílias. Descrição dos saberes e fazeres infantis Ao observar a máquina de lavar roupa uma criança falou: “Essa máquina de lavar... ela tem muitos botões, a da minha mãe não tem; agora eu sei que água da máquina de lavar vem pelo cano e passa na mangueirinha”. A professora falou sobre o reaproveitamento da água que sai da máquina por meio de tonéis ou baldes para reutilizarem na limpeza de calçadas e carros ajudando na conservação e consumo. Uma criança sugeriu fazer isso na escola, mas como não tinha espaço suficiente, pensaram em outras estratégias, como coletar a água da chuva para lavar os brinquedos do parque e para lavar a calçada em frente da sala e, poderiam também, dar essas sugestões para suas famílias. Na roda de conversa uma criança falou: “Minha vó falou que a água vem da chuva, quando Jesus esta triste ele chora e chove”. Em seguida, outra criança falou: “Nada disso, a chuva vem da nuvem eu já vi no computador da minha irmã”. Descrição dos resultados das ações Por meio de experimentações e vivências no decorrer do projeto, as crianças puderam entender a importância da água para a vida do planeta por meio de pesquisas e informações, brincadeiras, jogos simbólicos, desenhos, pinturas e escrita, finalizando com a exposição de trabalhos realizados com as crianças e a participação das famílias. Com elementos da natureza (pedras, madeiras, folhas, galhos, sementes, etc.) as crianças reproduziram o meio ambiente como rios e animais. Reconstruíram também como a água chega às casas e prédios, e como é utilizada no banho. No decorrer da brincadeira, faziam de conta que do chuveiro estava saindo água quentinha e não podia ficar muito tempo ligado para não gastar muita água. Ao construírem o rio para os animais argumentaram que o rio era limpo e estava cheio de água para os animais beberem. Atualmente em suas construções de casas e prédios aparecem as caixas d´água com tampa para não entrar sujeira. As crianças mostraram interesse em escrever novas palavras, como rio, chuveiro, água, torneira e outras, auxiliados pela mediação da professora. As crianças participaram da confecção e escrita do cartão enviado às famílias para conscientização da importância da água para o planeta. No momento da higienização as crianças utilizam a caneca para escovarem os dentes, mas não deixam mais a torneira aberta e quando vão ao bebedouro procuraram colocar na caneca somente o necessário para saciar sua sede. A professora formou com as crianças o hábito de não desperdiçar água nos momentos de lavar os brinquedos do parque. Algumas famílias, segundo falas das crianças, adotaram em suas casas algumas sugestões indicadas pelas crianças para evitar o consumo exagerado de água. Seguem algumas falas observadas posteriores ao trabalho realizado com a água: Luan: “Sabe, profe, que as flores se alimentam também da chuva e eu sei agora de onde vem a chuva, ela vem das nuvens; quando fica nublado aí chove e as plantas crescem e o sol é importante para chover. Nicolly: “A minha vó tem uma plantinha; eu coloco água nela e ela não murchou mais e ela também coloca o balde na chuva para pegar água e lavar a calçada”. Nome da Instituição: Escola Municipal de Educação Infantil Cecilia Meireles Responsável: Caroline da Costa Cardoso Função ou cargo que ocupa: Professora de Educação Infantil Município e Estado: Uruguaiana/RS Faixa etária atendida: 4 a 5 anos Categoria: Professor 2: Passei a ouvir, observar e conhecer mais as crianças O que levou a realização da prática? (diagnóstico) Ao trabalhar com projetos na educação infantil, no início do ano letivo, dedico-me a ouvir as crianças atentamente e analisar seus pensamentos, manifestados das mais diversas formas. A partir dessa prática, busco delinear percurso(s) de investigação para que construam significados a partir de suas curiosidades. Em uma manhã, estávamos no pátio da escola, brincando na pracinha, quando as crianças olharam para a lua e iniciaram uma conversa, discutindo sobre qual era a fase do satélite naquele dia. Nos dias seguintes, sempre que estávamos no pátio da escola, notei que essas indagações se repetiam, com inquietações mais profundas, que envolviam mais crianças. Queriam saber porque conseguiam ver a lua de dia e, em um dia nublado, onde ela poderia estar? Com isso, compreendi que era fundamental as crianças, primeiramente, entenderem como acontecia o dia e a noite, como o formato da lua se transformava, a nossa localização e como a visualizávamos, os recursos utilizados para vê-la melhor luneta) e, dessas propostas iniciais, outras que emergiriam a partir de suas curiosidades. Brincadeiras, experiências, observações e pesquisas foram organizadas para que as crianças construíssem conhecimentos a partir dessas indagações. Pensava, como professora, que estava conseguindo acompanhar verdadeiramente as inquietudes das crianças e contribuir para suas aprendizagens, através de experiências planejadas por mim. Também estava satisfeita com o interesse e a participação da turma, constantes mas um tanto tímidos, sem imaginar que, mais adiante, presenciaria o verdadeiro protagonismo infantil. Descrição das intervenções que foram realizadas Ao final de um percurso de experiências proporcionadas às crianças, ao longo de alguns meses, como observação do sol e nascer da lua na zona rural da cidade, a exploração do recurso midiático Google Earth, a visualização da lua através de luneta e a visita a um planetário, percebi que havia despertado nelas sensações de pertencimento a um espaço imensamente maior do que aquele que habitavam. E perceber, além de nós, um universo infinito, fez com que desejassem, imaginassem e acreditassem em uma possível viagem ao espaço. Nos diálogos que estabeleciam, notei que estavam imersas em um grande jogo simbólico, faziam seus planos para a “viagem ao espaço”, sonhando com o que vivenciariam quando conseguissem chegar à lua, tocar as estrelas e habitar os planetas. Essa riqueza que apresentavam, extrapolou minhas escutas cotidianas, então, não imaginei outra possibilidade, se não, segui-las nessa aventura. Demonstravam potencialidades para protagonizar um novo percurso no projeto e me guiaram para o planejamento da sonhada viagem. Descrição dos saberes e fazeres infantis que emergiram no trabalho desenvolvido Primeiramente, pensaram sobre como chegaríamos lá: tarefa fácil. Todos sabiam que o meio de transporte necessário era uma nave espacial. Mas como teríamos isso? Inspirado por projetos das crianças, um amigo da escola materializou o transporte imaginado, com madeira e papelão. Imprimindo suas identidades, as crianças coloriram a nave com rolo e tinta. No entanto, não bastava que tivessem uma nave, precisariam de muito mais para a viagem, e tudo era pensado. Diante de tantas ideias, sugeri que criássemos uma lista, pois assim, nada seria esquecido. Cada criança anotou, a sua maneira, aquilo que considerava importante levarmos ao espaço. Destacou-se, dentre as anotações das crianças, a necessidade de levarem o brinquedo favorito e como segundo item mais importante, os alimentos que mais apreciavam e consideravam necessários para a sobrevivência. Uma delas sugeriu que seria útil uma mesa e alguns banquinhos, outra, que fizéssemos uma roupa de astronauta. Tornou-se missão, para as famílias, envolvidas no trabalho, materializar os desejos para a viagem. Todos sabiam o que encontrariam no espaço, no entanto, em qual direção nossa nave deveria seguir? Sabendo que os mapas existem para facilitar a localização das pessoas aqui na terra, uma criança sugeriu que organizássemos nosso próprio mapa, que definiria o roteiro da viagem, que caminhos percorreríamos e o que faríamos em cada lugar. Em meio à criação desse item, ficou visível a capacidade imagética das crianças: “Vamos brincar de patinar nos anéis de Saturno.” “Temos que cuidar os meteoros, cuidar o buraco negro, para não ficar lá para sempre, e não ir para nenhum lugar, ficar perdido.” “Profe, tu pode tapar o buraco negro? Porque daí não caímos...” Marcada a data para a decolagem de nossa nave, as crianças começaram a trazer de casa, com a participação ativa das famílias, os itens necessários para equiparmos nosso meio de transporte para o espaço. Cada criança analisava a melhor forma para organizar, na nave, o objeto que havia levado para a escola. Protagonizavam cada momento. Não parava o surgimento de novas ideias, olhando para a nave, composta com alguns equipamentos, percebiam que ainda faltavam algumas coisas: luzes e bandeiras, do Brasil e da Escola. Tudo acontecia conforme o encantamento das crianças. Ao acolher as crianças no início da manhã, do dia em que ocorreria a decolagem, foi impossível não perceber as emoções que transpareciam nos olhares, falas, e gestos inquietos. Os familiares demonstravam que as expectativas para a viagem haviam contagiado também os adultos. A mãe de uma criança relatou: “Ela acordou pensando na viagem, disse que vai tirar muitas fotos com os colegas, de todos os planetas, para que, quando voltar, possa lembrar tudo”. Chegavam junto a algumas crianças, os alimentos perecíveis que desejaram levar na viagem, como pasteizinhos, que foram carinhosamente preparados pela avó de uma menina. Na hora da decolagem, todos, tomados por surpresa e encantamento, reagiam de formas singulares. Uns corriam para logo entrar na nave, outros analisavam o caminho e quem os assistia e, alguns ainda faziam de conta, imersos na brincadeira. Notei que um menino, ao caminhar entre o corredor humano, movimentava-se vagarosamente, marcando passos, até que se virou de costas para a nave e abanou para todos: a representação de um astronauta. Ao embarcarem, fechávamos a porta da nave e a aventura começava. Do lado de fora, o guarda e escolar e um funcionário da equipe de apoio contribuíam, movimentando a nave para que a imaginação, de quem estava do lado de dentro, guiasse o faz de conta. Sorrisos e gargalhadas vinham daqueles que estavam incrédulos de que chegaríamos mesmo ao espaço e, olhares espantados, eram percebidos naqueles que tinham receio do que aconteceria com aqueles movimentos que a nave fazia. Em meio a tudo isso, não hesitavam em degustar os pasteizinhos, lanche da viagem. Após a “decolagem” de cada um dos grupos, uma nova questão se apresentava: Porque a nave não decolou? Várias justificativas foram apresentadas pelas crianças: que a falta de fogo impediu a decolagem, que a nave não decolaria, pois era de papelão e madeira e, ainda, porque nela não havia um motor. Para que pudéssemos esclarecer essas questões, em nossa cidade, havia uma possibilidade: Os pilotos do helicóptero, que também iam ao céu e, com isso, poderiam ter algum conhecimento que esclarecesse nossas dúvidas. Descrição dos resultados das ações Toda a escola soube do grande evento que aconteceria em nossa turma e, percebendo a nave posicionada no pátio, turmas deslocaram-se com suas professoras, para despedirem-se das crianças que viajariam ao espaço. Formou-se um grande corredor, pelo qual as crianças passavam até chegar à nave. As crianças de outras turmas também quiseram experimentar a brincadeira e, os adultos, envolvidos na brincadeira, encantavam-se com suas reações. Não houve finalização determinada para toda a aventura. Assim como guiaram a constituição dos percursos, também souberam demonstrar o quanto estavam preenchidas pelas experiências. A grande brincadeira, sonhada, imaginada, materializada e vivenciada encerrou-se no tempo das crianças. As memórias permanecem vivas, em mim, para que como professora, desafie-me sempre a potencializar as linguagens das crianças e, nelas, que além de jamais esquecerem nossa aventura, sintam-se capazes de sonhar e realizar. |
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Novembro 2019
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